Entrevista concedida pela Professora Ana Maria Mendonça a Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco. Ana Maria Mendonça, escritora, educadora, conferencista (somente em Patos e na Região pronunciou mais de vinte palestras no ano de 1980). Presidente da ADEMA ALTO PARANAÍBA, Presidente da Comissão da Escola Técnica de Agropecuária de Patos de Minas, cinco livros publicados, colaboradora de mais de uma dezena de jornais e revistas do País, escrevendo sobre temas educacionais, sociais e políticos.
Do ponto de vista técnico, qual é a situação do Projeto da Escola de Agropecuária de Patos de Minas?
Do ponto de vista técnico está viabilizado. Temos o projeto preliminar pronto; a demanda da escola demonstrada; a legislação federal e as regulamentações federal e estadual referentes à educação dão cobertura ao empreendimento. Além disso, temos o empenho de uma comissão atuante que persegue com firmeza o objetivo de fazer a escola funcionar em 1983. O Dr. Arlindo Porto Neto e a Professora Eusa Pereira Borges Fonseca têm dado o melhor de sua colaboração e empenho, com o mais puro espírito de servir. O Sr. Prefeito está empenhando e confiante no trabalho da Comissão.
E do ponto de vista político?
A situação está excelente: o ensino agrícola de nível médio é prioridade nacional. Levamos a reivindicação de Patos e sua Excelência o Vice-Presidente da República, Dr. Aureliano Chaves de Mendonça, que examinou o Projeto Preliminar da Escola de Agropecuária de Patos de Minas e decidiu dar o seu apoio visando a sua implantação. A Assessoria da Vice-Presidência da República elaborou um extrato do projeto e já trabalha no sentido de viabilizar a execução de suas metas. Em nível municipal e estadual o projeto está bem apoiado. Em Brasília, o Dr. Wando Pereira Borges tem dado efetiva colaboração. É só prosseguir o trabalho já iniciado, com determinação, que teremos a Escola.
E a questão da base física?
Houve da parte da Comissão um trabalho sério e persistente para resolver a questão. Partindo da promessa do Sr. Secretário da Agricultura, levantamos toda a documentação da Fazenda do Sertãozinho, desenvolvemos gestões junto à EMBRAPA, que é proprietária do imóvel e onde recebemos toda a atenção do Dr. Eliseu Andrade Alves, junto à EPAMIG que é a Comodatária em contrato de cessão do imóvel: redigimos minuta de convênio e a encaminhamos ao Senhor Secretário da Agricultura, pedindo a assinatura do documento de cessão da base física. Em 29 de junho fomos recebidos, em comissão, pelo Sr. Secretário que reafirmou sua intenção de nos ceder o terreno. Na ocasião estavam presentes o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Elmiro Nascimento, Dr. Arlindo Porto Neto, o Sr. Eurípedes Gonçalves Martins do Conselho de Defesa da Comunidade e a Presidente da Comissão.
E o relatório da EPAMIG, contrário à cessão da Fazenda e à criação da Escola?
Essa questão já foi superada. Logo que tivemos notícia desse Relatório, desloquei-me, imediatamente, para Belo Horizonte, onde fui recebida pelo Dr. Flamarion Ferreira, Presidente da EPAMIG, uberlandense dos mais ilustres. Mostrei a ele que, dos 795 hectares da Fazenda Sertãozinho, apenas 50 hectares, em local de fácil acesso, são necessários è Escola. A cessão não prejudicará , em nada, a Estação Experimental que poderá, inclusive, ampliar sua atuação. Patos poderia ter, por exemplo, um centro de seleção e classificação de sementes, um centro de inseminação artificial de suínos e aves que concorrerá para o desenvolvimento do Município. Além disso, os patenses querem a Escola e esta pretensão tem amparo na legislação e na política do Governo. O presidente da EPAMIG concluiu que não fará objeção à cessão de base física da Escola, desde que este seja o desejo do Sr. Secretário. A questão continua, assim, nas mãos do Sr. Secretário da Agricultura.
Ouvimos dizer que, diante das dificuldades encontradas na área da Secretaria da Agricultura a Comissão está estudando a aquisição de outra área?
Muitas pessoas da comunidade começam a ficar impacientes com a demora da cessão da Fazenda Sertãozinho e se colocaram à nossa disposição para iniciar entendimentos no sentido de adquirir outra área, por doação ou compra. Já existe outra área em estudo. Entretanto, esta alternativa só será usada se nos for negada parte da Fazenda Sertãozinho. Vamos aguardar o cumprimento da promessa do Sr. Secretário da Agricultura até 30 de agosto. Se até lá, tudo estiver na mesma, não há outra alternativa: partiremos para a aquisição de outra área.
* Fonte: Edição n.º 29 de 31 de julho de 1981 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Capa da edição citada. Vice-Presidente da República, Dr. Aureliano Chaves, em seu gabinete, recebendo a Prof.ª Ana Maria Mendonça, ocasião em que hipotecou seu incondicional apoio ao Projeto da Escola Agrícola de Patos de Minas (Brasília-DF − Julho/81).