Quantos grupos de rock existiam no Brasil no início do ano passado? Essa é uma pergunta para a qual não se tem uma resposta exata. Mas, independente disso, é fácil constatar que uma grande parte deles tem desaparecido. Pelo menos dos olhos do público telespectador e dos ouvidos dos ouvintes de emissoras de FM brasileiras, especialmente de centros maiores como Rio e São Paulo.
O que aconteceu, a partir do segundo semestre do ano passado mais acentuadamente, foi uma guinada nas programações dessas rádios, que costumavam ser definidas pelo dueto “os maiores sucessos nacionais e internacionais” ou “Top 40”, como se apelidou. A expansão dos receptores de FM, ocasionada pela necessidade de adaptação da indústria às exigências de mercado, fez com que o “cidadão brasileiro” de uma forma geral (quase irrestrita) se tornasse ouvinte em potencial, obrigando as rádios de Frequência Modulada a promoverem uma “democratização” de sua programação.
Essa democratização um tanto forçada por telefonemas de pessoas saturadas com a “mesmice” do rock (um ritmo forte demais para ser reproduzido com tanta frequ~encia como ocorria), levou as FMs artistas antes discriminados – Rosana (O Amor e o Poder), Marquinhos Moura (Anjo Azul), Sandra Sá (Solidão), Adriana (I Love You, Baby), etc. – que eram tidos como bregas. Tal guinada mudou inclusive o mercado da música no Brasil.
Em Patos, a Clube FM ainda não se transformou a ponto de tocar 9 músicas românticas dentre 10 canções executadas, tendência revelada pelas emissoras cariocas e paulistas, já em novembro de 87, numa matéria publicada pela revista “Veja”. Mas, como a tendência é generalizada, com certeza a programação da nossa única emissora FM também deve passar por alterações significativas em muito breve, tornando-se mais popular. Com a tendência pelas músicas mais suaves e românticas, 90% das canções tocadas nas FMs do Rio e São Paulo são brasileiras.
E, se a programação da Clube FM ainda não passou por tão grande metamorfose, vale destacar o programa “Música na Origem” – que toca sucessos da música sertaneja, de 5 às 7 horas – como o começo de uma popularização que se apresenta inevitável. As demais nuances da transformação, como a apresentação de uma significativa percentagem de boa música nacional durante toda a programação, virão naturalmente.
* Fonte: Texto publicado com o título “Uma Guinada nas FMs” e subtítulo “Mudanças nas programações das emissoras de FM colocam no ar músicas suaves e românticas” na edição n.º 178 de 31 de janeiro de 1988 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Play.google.com, meramente ilustrativa.