CORRENTE DE ORAÇÃO EM 1913

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CORRENTE DE ORAÇÃO EM 1913TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1913)

Esta, agora, não pertence aos graves abusos que da outra vez nos propuzemos repelir, por ser mais innocente e graciosa que prejudicial. Mesmo assim della queremos nos accupar nas pacificadas de hoje.

A’ cata de assumpto para os presentes rabiscos, eis que nos chega às mãos um manuscripto com o título no alto – Oração. Fôra o tal manuscripto endereçado a uma pessôa do nosso povoado, tendo vindo pelo correio; e o carimbo do enveloppe indicava a procedencia de Carmo do Paranahyba. As trez primeiras linhas contém pequena supplica, seguindo-se o trecho que aqui transcrevemos. Eil-o: – “Recebi esta oração pedindo-me para que cada dia enviasse uma copia igual a pessoas de outros lugares durante nove dias a começar no dia que receber a presente e assim deveis fazer”.

Façam a idéa que medonha reproducção resultaria em pouco tempo, si fosse sempre encontrado quem, por falta de occupação, désse ao trabalho da propaganda do referido manuscripto!

Continúa a transcripção: – “No momento em que esta escrever deveis pensar qualquer graça que quereis obter, então vos será concedida e preste attenção que acontecerá no nono dia”.

Por causa deste topico muitos ingenuos irão cahindo, e tambem pelo mêdo do castigo, talvez, pois no fim do dito manuscripto fala-se de uma Senhora a quem fôra enviada esta oração não fez caso e passou pelo desgosto de perder o unico filho.

Não se envolva com essa historia, minha gente! Isso é arranjo de algum finório que entendeu de gracejar, explorando a credulidade do povo…

Nós catholicos não precisamos envolvermos com essas devoções volantes, de origem ignorada. Temos em nossa Santa Egreja um immenso tesouro de piedade. E a verdadeira piedade tem por fim o exacto cumprimento de nossos deveres religiosos. Ahi está tudo. Querem saber de um meio de obter-se qualquer graça sem encommodarmos ao proximo? E’ o que ensina o immortal e prodigioso D. Bosco – receber a Santa Communhão.

Mas, esse negocio de copias para propaganda é uma pêta; e perderá todo o trabalho quem as enviar ao

PACIFICUS.

* Fonte: Texto publicado com o título “Mais Uma…” na edição de 14 de dezembro de 1913 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Pensamentoshumanistas.com.

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