TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1913)
Com a epigraphe supra (Sobre Melhoramentos), tive a idéa de voltar às columnas d’este jornal, traçando mais estas linhas, a fim de dar algumas novas, embóra já ha muito argumentadas.
Falo sobre as formigas cabeçudas, que, peior que a falta d’agua, que ora nos assoberba, devastam as plantações em nossos quintaes.
Esta folha já tem lembrado, por vezes, à nossa illustre Camara, a necessidade da extincção d’esta praga que tem causado grandes damnos a esta cidade.
A nossa illustre Edilidade devia se lembrar que, mais tarde, estas formigas poderão ser causa até do abatimento de algum predio, em qualquer de nossas ruas, porque todas estas estão infestadas d’esse bichinho destruidor.
E quem sabe si mesmo a casa da Camara, um predio tão bem principiado, como vemos, será o primeiro a ser victimado?
Além de todas as ruas serem quasi governadas pelas formigas, são tambem algumas d’ellas cheias de buracos que, em o tempo das chuvas, torna quasi impossível o transito, principalmente à noite.
Parece-me que si o nosso operoso Presidente e Agente Executivo Municipal¹ deliberasse dispender uma pequena quantia de dinheiro, para mandar entupir os ditos buracos, com algumas carradas de cascalho, tomaria uma medida muito acertada tornando assim as nossas ruas com melhor aspecto.
De entre os melhoramentos prestes a serem realizados aqui, deveria a extirpação das formigas ser um dos primeiros, porque, o que serve uma cidade possuir tantos predios bons e bonitos e suas ruas estarem cheias de montões de formigueiros aqui, e possuindo tantos buracos acolá?
Aqui, póde-se dizer que: – Quem escapa dos buracos cae no formigueiro.
Devido à carestia d’agua, ao calor reinante, não me é possível ficar com a lingua quiéta, e é por isso que vou falando o que, a cada passo, se ouvem por ahi, com alguma razão.
K. LOURO
* 1: Marcolino de Barros.
* Fonte: Texto publicado na edição de 26 de outubro de 1913 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 04/04/2014 com o título “Largo da Matriz na Década de 1910”.