Na famosa pescada da turma do Fórum no Rio da Prata, no não menos famoso rancho do Arnaldo Magalhães, sempre participavam os funcionários do Fórum, alguns advogados e outros convidados, como Arnaldo Magalhães, Armando Magalhães, Zé Lacerda e outros. Chegamos lá. Fomos dar uma faxina no rancho e encontramos um sapo daqueles bem grandes. Pinheirinho veio logo correndo com um saco na mão dizendo:
– Não mata ele não, isso é uma isca de primeira para surubim. Bota ele aqui no saco que eu vou iscar ele de espera esta noite. Amanhã teremos um surubim no almoço. Não tem nem graça. É inhambu na capanga.
Quando chegou a tarde, Pinheirinho arrumou um sundeiro bem reforçado com um baita de anzol e foi para o rio com o sapo no saco. Lá chegando, amarrou o sundeiro numa galha de gameleira, passou o anzol bem de leve nas costas do sapo, para que ele continuasse vivo e, pegando na linha, pouco acima da isca, entrou na água levando o sapo até ao meio do rio, soltando-o bem devagar dentro d’água. Voltou para o rancho todo eufórico, dizendo:
– Saiu do jeitinho que eu programei. O sapo está vivinho na boca de um poço bem fundo. Vai ser um suruba de uns 80 quilos, não tem nem conversa.
No outro dia, cedinho, Pinheirinho sai para conferir o anzol e faz aquele comício:
– Oi pessoal, vamos lá buscar o surubim. Vou precisar de ajuda pra trazer o bicho para o rancho, vai ser mais de 100 quilos.
Pegamos os copos e umas Brahmas e fomos para o barranco assistir o espetáculo. Pinheirinho começou a puxar a linha que estava toda engarranchada. Foi puxando até chegar no barranco, bem rio abaixo. Foi enrolando a linha até chegar no meio do cerrado, onde o sapo tinha levado o anzol nas costas ao sair do rio para se esquentar ao sol.
* Fonte: Texto de Vanir Amâncio publicado na coluna Pesca & Prosa (Tião Abatiá) da edição de 17 de julho de 1993 do jornal Folha Patense, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Muraljoia.com.