Não se sabe se o Polica estava com os companheiros de costume, isto é, o Vado, Miquinho, o Fernando e o Humberto. Enfim, pescava ele na beira da Prata, de dia, com sol quente, com uma vara média. De tão ruim que estava a batida, o Polica chegava até a cochilar feito um velho Martim-Pescador. A certa altura do dia, eis que chega ali pelas bandas do rio, um senhor moreno, bem trajado e muito simpático, perguntando ao pescador:
– O que é que você está fazendo aí?
– Uai – respondeu o Polica – estou despistando com este anzolzinho, de dia e assim passo o tempo. Quando chega a noite, meto “o tarrafão” e costumo pegar sempre meus 30, 40 ou 50 quilos de peixe. A gente despista, né? Você entende…
– Sabe com quem você está falando? – retrucou o recém-chegado.
– Não! – respondeu secamente o Polica.
– Com o Capitão da Polícia Florestal, tá?
– É?! Muito prazer, seu capitão. E o senhor sabe com quem está falando? – interroga com toda a calma, o Polica.
– Não. Quem é você?
– Sou o maior mentiroso da paróquia. O senhor vai acreditar nisso que eu lhe falei? Só se for bobo!…
* Fonte: Texto publicado sem título na coluna Todo Pescador Mente da edição de 18 de março de 1980 do jornal Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Muraljoia.com.