TAMANDUAZINHO DO SEU OROZINO, O

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Tem gente que ainda não sabe que os animais silvestres são protegidos por lei, e quem captura e/ou comercializa qualquer um deles recebe ordem de prisão e multa. Mas o Seu Orozino não sabe disso, e lá em sua propriedade rural na localidade de Aragão, ele deita e rola caçando tatus, preás e o escambau. Certa feita ele encontrou um filhote de tamanduá choramingando ao lado da mãe que tinha morrido sabe-se lá de que. Sem pestanejar, ele pegou o animal e levou para casa e danou a pensar o que fazer com ele, até que encontrou um jeito: dar de presente ao filho Cássio, lá perto de Lanhosos.

Ajeitado o tamanduazinho numa caixa de papelão na carroceria de sua velha Pampa, Seu Orozino foi parado numa blitz naquele posto da Polícia Rodoviária logo depois da ponte do Rio Paranaíba. Quando foi conferir a placa traseira, o policial viu o animal:

– O senhor está transportando um animal silvestre, sou obrigado a solicitar a presença da Polícia Ambiental para prendê-lo e multá-lo. E solicitou mesmo.

Sem demonstrar preocupação, Seu Orozino disse:

– Seu guarda, esse tamanduazinho foi criado na minha roça, tô levando ele de presente pro meu filho, ele é domesticado, não sai de perto de mim, e lá nos Lanhosos o Cássio vai cuidar direitinho dele, porque estou sem tempo de cuidar dele. Vou por ele no chão e o senhor vai ver como ele não sai de perto de mim.

O policial logo percebeu a esparrela e foi duro:

– Meu senhor, não tem jeito, capturar animal silvestre é crime e o senhor vai ser preso. Mas antes da Polícia Ambiental chegar, quero ver se esse tamanduazinho é mesmo agarrado a você. Põe ele no chão, agora.

Com um sorriso malicioso, Seu Orozino cumpriu a ordem. O animal olhou para a direita, para a esquerda, para e alto e… záz, se mandou pelo pátio e sumiu no meio do mato. O policial logo reclamou:

– Ora essa, como eu previ, era pura lorota, onde já se viu um tamanduá obediente, ainda mais filhote. E agora, senhor, fale a verdade a respeito do tamanduazinho porque a Polícia Ambiental está para chegar.

Com um sorriso mais malicioso ainda, Seu Orozino disse:

– Seu Policial, do que o senhor está falando, que tamanduazinho é esse? Num tô vendo tamanduazinho nenhum por aqui!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.

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