BORRACHA CRUEL

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Uma professora de uma faculdade patense tinha o hábito de aplicar, de surpresa, provas valendo 2 pontos para conferir se os alunos estavam atentos com a matéria. Só que ela era durona ao extremo, isso para não dizer chata.  Se o aluno olhava para o lado ela já encostava ameaçando tomar a prova. Num belo dia o Norberto estava encarando as coxas perfeitamente torneadas de uma colega ao lado quando foi flagrado. Lógico que a professora pensou que ele estava colando e lhe tomou a prova. O Norberto ficou uma fera, tão raivoso que resolveu se vingar, e articulou um plano perfeito com um colega:

– Está perfeitamente entendido, Brito?

– Claro Norberto. Vamos ficar lado-a-lado; quando eu perceber a professora de olho na gente, passo a borracha pra ti dando a maior bandeira. Aí é contigo, certo?

– É isso aí, Brito.

Toda a turma sabia o que ia acontecer. Poucos minutos depois que a prova começou, a professora encarou os dois. O Brito, fazendo aquele teatro de quem está passando cola, entregou a borracha ao Norberto. A professora viu e foi correndo ao encontro dos dois.

– Ei, você!

– Quem, eu?

– Sim senhor Norberto, é você mesmo. O que é isto aí?

– Isto o que, professora?

– Estou falando disso que está debaixo de sua perna, que lhe foi entregue pelo Brito.

– Isso aqui? Mas é apenas uma borracha, professora.

– Estou vendo que é uma borracha. Mas não é uma simples borracha. Dê-me a borracha.

– Por que a senhora quer a minha borracha?

– Meu rapaz, não estou aqui para brincadeiras. Por favor, me dê esta borracha.

– Mas professora, eu estou usando esta borracha.

– Sei perfeitamente com que intuito o senhor está usando esta borracha. Vai me dá-la ou vou precisar chamar o Diretor?

– Mas professora…

– Rapaz, é a última vez que vou pedir. Dê-me a borracha.

– Pois não, professora, se a senhora faz tanta questão, pode ficar com ela.

Quando a professora leu o que estava escrito na borracha ficou perplexa. Enquanto a sala toda não parava de rir, a mestra voltou para a sua mesa. E lá ficou até todos entregarem a prova. Não disse uma única palavra a ninguém. Seus olhos ficaram vidrados. E depois que todos foram embora, ela ficou lá, sentada, com o queixo apoiado nas duas mãos, olhando para não sei aonde, lembrando as palavras: Pensou que fosse cola, né professora. Enganou-se comigo!

Norberto, já formado em Agronomia e se dando bem na profissão, no ano passado confessou a artimanha ao padre. A pena religiosa lhe imposta não foi dita a ninguém. Quanto à professora, o fato não atrapalhou a sua carreira, pois é muito competente e continua na ativa, mas, de uma vez por todas, mais inteirada com os alunos.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.

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