MILITARES ANIMADOS

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

Certa noite muitos Praças estavam se esbaldando num cabaré localizado no Bairro Ipanema. Quando o Capitão ficou sabendo, ordenou a um Soldado que fosse buscar a moçada. Mal chegando ao local, o moço gostou demais da conta do forrozão, e principalmente da mulherada, e por lá ficou.

Enquanto isso, o Capitão, sem paciência, enviou um Cabo. Chegando ao local, aconteceu o mesmo: o Cabo não aguentou e caiu na gandaia com os colegas de farda. E tome dança, bebedeira, mulherada e muita alegria. Lá no quartel, cada vez mais furioso, o Capitão já estava decidido ele mesmo ir lá buscar os farristas. Mas preferiu enviar um Sargento.

Eis que o Sargento, ao se deparar com a morenaça lhe chamando com o dedo, também não teve forças para evitar aquela descontração total − ora Capitão, vai ver se estou lá na esquina − e foi mais um a se juntar aos colegas. O Capitão, mais furioso que contribuinte sendo atendido por funcionário público, enviou outro Sargento. Este, que chega a chorar ao assistir filme dos Três Patetas, ora, em um minuto já estava entrincheirado com uma donzela.

Foi o Tenente, então, com a ordem explícita de, dentro de 15 minutos, voltar com os farristas sob ameaça de receber a mesma punição que sofreria os outros. E nada de ninguém voltar. Mais enfezado que patense ouvindo motos ensurdecedoras, ele mesmo, o Capitão, partiu com tudo para acabar com aquela safadeza. Em chegando, ouviu o rumor da felicidade. Na entrada, se deparou com uma linda donzela lhe chamando com o dedo. Foi só um piscar de olhos e lá estava o Capitão chafurdando-se nas brumas da felicidade.

No outro dia, a companhia reunida no pátio, o Tenente perguntou ao Capitão:

– Qual vai ser a punição, senhor?

O Capitão fez uma cara de sisudo, olhou para o Tenente, que teve a obrigatoriedade de trazer a turma e não trouxe, olhou para si, que teve a obrigação de trazer a turma e não trouxe, e respondeu:

– A partir de hoje está terminantemente proibido a qualquer um deste Batalhão frequentar aquela maldita casa de perdição.

E assim se fez, para felicidade e perdão de todos.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

Compartilhe