Resultados encontrados: 2022

DEIXAREI SAUDADE − 200

Postado por e arquivado em 2022, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Eu reparo nessas casas novas que pipocaram por aqui¹ nos últimos anos e não consigo entender o porquê tamanha preocupação em colocar grades nas janelas, cercas elétricas, câmeras e portões altos. Olho para elas e depois para dentro de mim. E é cada casa bitela com arquitetura diferenciada da minha. É, digamos que são mais […]

DEIXAREI SAUDADE − 201

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Os humanos não sabem que os imóveis trocam irradiações paredais entre si. E se eles não sabem disso, obviamente não têm a mínima noção do que seja isso. Como atualmente me sinto por demais revigorada pela reforma que sofri, na base da boa vontade vou tentar explicar o que é isso. É uma espécie de […]

DEIXAREI SAUDADE − 202

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Certas vivências glorificam as estruturas de qualquer imóvel, por mais simples que sejam. O cidadão, para ser considerado alguém que representa ou representou alguma coisa para o Município, não tem que, necessariamente, ser provido de poderes econômicos além da maioria. É por isso que tenho muito orgulho das almas que aconchego. Pouca coisa sei sobre […]

DEIXAREI SAUDADE − 203

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Antigamente o povo tinha essa mania de construir a casa, geralmente simples assim como eu, no lugar do quintal e o quintal no lugar da casa. Aí fica a casa no fundo e essa área inútil à frente, onde os moradores não têm privacidade alguma. Coisa esquisita, sô. Aqui no meu entorno¹ tinha muitas delas […]

DEIXAREI SAUDADE − 204

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Êta povo custoso esse de hoje, fica inventando moda à toa, à troco de nada. Meus moradores gostam de TV e é com ela que fico sabendo dessas baboseiras. Quer dizer então que proprietário de cães e gatos não são mais proprietários, são tutores? Quer dizer então que Clínico Geral não é mais Clínico Geral, […]

DEIXAREI SAUDADE − 205

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Há muito tempo minhas paredes, portas, janelas, muros e telhados vêm ouvindo uns sons que de início eu não fazia a mínima ideia do que seriam e de onde vinham. Ficava matutando sobre aquilo. Algumas vezes vinham de muito longe, como sussurros. Outras vezes pareciam bem próximos de mim. Ora semelhantes a desmoronamentos de sei […]

DEIXAREI SAUDADE − 206

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Quando surgi nessa rua¹, isso aqui era uma estrada que partia do Mercado Municipal em direção à comunidade do mesmo nome e outras, e por aqui a pobreza reinava em minha volta. Praticamente todas as casas eram que nem eu. Falava-se muito numa máquina de beneficiar arroz da Família Garcia² e em vozes estranhas que […]

DEIXAREI SAUDADE − 207

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Aqui onde fui erguida havia uma semelhante, humilde, mas uma casa como eu. Certo dia, não tão distante assim, demoliram minha semelhante e em seu lugar eu fui construída. E se tem uma sensação que me atormenta diariamente é saber que surgi no mundo dessa maneira. Mesmo eu tendo ciência de que não tive culpa […]

DEIXAREI SAUDADE − 208

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Sinistro, muito sinistro o que vem acontecendo comigo ultimamente. Há muito tempo sou considerada uma construção histórica e até colocaram na minha frente uma placa alusiva ao fato. Há muito tempo, sei lá quanto tempo, sou desse mesmo jeito, dessa mesma aparência. Nem me lembro de quando fui construída nesse local, só sei que foi […]

DEIXAREI SAUDADE − 209

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Por que me olhar assim com essa cara de espanto? Por um acaso nunca viu uma casa totalmente abandonada e em ruínas? Tenho certeza absoluta que essa cara de espanto é por me ver assim numa região valorizada e ao lado do Colégio Marista¹. Pode crer, meu camarada, não tenho culpa alguma. Sou do tempo […]

DEIXAREI SAUDADE − 210

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Depois de muitos anos abrigando humanos com suas quinquilharias, sim, muitos anos, pois sou um dos mais antigos imóveis dessa redondeza¹. Pois bem, então, depois de muitos anos fincada nesse chão, percebi uma forte característica dos humanos: saudosismo. Como é que eu sei disso? Ora, de tanto ouvir o povo daqui falar do passado, das […]

DEIXAREI SAUDADE − 211

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Já estive na moda, ó como estive! Nos idos tempos o prédio mais alto da Cidade era como eu, só de dois andares, com comércio embaixo e moradia em cima. Pode conferir, principalmente no Centro. Até que veio 1961 e foi um espanto: surgiu um monstro de seis andares¹. Cinco anos depois, apareceu outro². Foi […]