Disse uma vez que a Festa do Milho deu nova dimensão a Patos de Minas. Para começar, tornou lembrado e alegremente comemorado o aniversário da cidade, que antes sempre passou em brancas nuvens. Sobretudo se transformou numa poderosa força de divulgação de nossa terra. E o que é melhor, acrescento agora, levou mais longe o nome de Patos, envolto numa áurea de simpatia. A simpatia que se tem pelas coisas alegres, amenas, agradáveis, sugeridas pelo termo festa. Sobretudo, uma festa com cheiro de campo.
O MILHO NA FESTA
Durante anos me bati contra a ausência do milho na Festa do Milho. Agora me bato por uma maior presença dele. Além do milho verde, cozido e assado (sempre escassos), e de pipoca, é preciso haver mingau de milho verde (o curau dos nordestinos), pamonha, canjica, angu, broa de fubá. Tudo com fartura, como convém a uma festa sertaneja. Como o tempo de milho verde não coincide com a festa, o recurso é fazer um plantio específico para esse fim. Afinal, é preciso dar sabor de milho à Festa do Milho.
O FEIJÃO NA FESTA
O feijão, um dos sustentáculos da economia patense, é o grande esquecido e injustiçado em Patos. Pois o nosso gostoso e nutritivo feijão, famoso no Brasil todo (com o nome Catiara, e depois Uberabinha), poderia entrar na Festa do Milho ajudando a enriquecê-la, A idéia me ocorreu em Caruaru, Pernambuco (umas das muitas cidades que percorri a serviço da revista “Realidade”, edição especial sobre o Nordeste). Um dos atrativos do lugar é o caldo quente de feijão, que se toma como tira-gosto de uma cachaça local e servido em pequenos postos de venda (…). O caldo de frango com açafrão e o próprio frango com açafrão, prato forte da culinária patense, poderiam ser usados na mesma base. Todas essas coisas ajudarão a fazer a festa mais atraente e gostosa para as pessoas de fora, e até mesmo para as daqui.
ARENA DE RODEIO
O rodeio, uma das grandes atrações da Festa do Milho, precisa oferecer mais conforto ao público, cada vez mais numeroso. Enfim, precisa de uma boa arena, como a de Barretos, palco maior da excelente festa do peão de boiadeiro. A arena serviria, também, para a apresentação de shows, números musicais e até mesmo espetáculos esportivos (enquanto não fazemos o nosso ginásio coberto) e teatrais (enquanto não fazemos o nosso teatro). Os recursos necessários para a obra poderiam ser obtidos com a vinculação de parte da festa para esse fim. E poderíamos realizar campanhas financeiras para construção, com os fazendeiros locais doando bois, bezerros, sacos de feijão e arroz. As nossas excelentes Folias de Reis, com o Patrício no comando, poderiam ajudar na campanha.
FOLIA NA FESTA
A propósito, não entendo a ausência das Folias na festa. Afinal, ela é basicamente sertaneja (ou o milho é cultivado no asfalto?). Nossas Folias de Reis, da melhor qualidade, seriam uma atração a mais na festa. Não tenhamos medo de parecer atrasados: folclore também é cultura. Da mesma forma, os Congados, que tínhamos tão bons. Também precisam entrar na festa. Antes que morram. Pode ser que a gente da terra dê pouca importância a essas manifestações folclóricas. A gente dos centros maiores dá.
CASA DE BANHO
A Festa do Milho e a cidade ganhariam muito com a criação de uma Casa de Banho, que permitiria o pessoal da redondeza passar o dia na cidade sem necessidade de hospedar-se a aos viajantes em geral, uma pausa refrescante. Como a Festa atrai muito mais gente do que a cidade pode hospedar, a Casa de Banho seria uma solução (em água quente e fria). Creio que ela deve ser criada perto do Trevo da Pipoca e de restaurantes e postos de serviços, num lugar arborizado e agradável, com bancos rústicos e espalhados sob as copas das árvores e com ampla área de estacionamento para os carros.
PROMOÇÃO
Para maior promoção da Festa do Milho e de Patos de Minas, por extensão, a Prefeitura poderia montar um stand na Estação Rodoviária de Belo Horizonte, no mês de maio, com amplas informações e fotos da Festa e do município. Uma recepcionista treinada para a função, atenderia aos interessados dando-lhes folhetos, informações e simpatia. A idéia muito boa é do colunista Delfim José. A Festa do Milho tem feito muito por Patos, façamos também algo por ela – que logo retribuirá em dobro a Patos.
* Fonte: Texto de Oswaldo Amorim publicado na edição de 07 de fevereiro de 1974 do jornal Folha Diocesana e republicado na edição n.º 31 de 17 de maio de 1997 do jornal O Tablóide, do arquivo de Fernando Kitzinger Dannemann.
* Foto: Turmadochapeu.com, meramente ilustrativa.