CIRCO E FESTA DO MILHO

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TEXTO: BALTAZAR GUIMARÃES SILVA (1993)

Estamos nos aproximando da Festa Nacional do Milho. Simultaneamente há um Circo acampado na cidade. Até aqui, nada de mais. Por que, então, a correlação de idéias? É que as duas coisas produzem o mesmo efeito de enxugar o dinheiro circulante, especialmente entre a população menos dotada.

Quando um circo aparece, o que vem se tornando cada vez mais raro, é muita gente que economiza até o que não pode, deixa de comprar até o pão das crianças, mas não deixa de ir ver os espetáculos: palhaços, malabaristas, trapezistas, domadores e tudo mais que estas companhias artísticas costumam apresentar. Hoje, com o advento da televisão, já não é tanto assim. Mas antigamente, quando o Circo se retirava, o dinheiro circulante ia junto, deixando a praça desprovida de suas reservas.

Com a Festa do Milho ocorre coisa semelhante, já que o povo gasta o que tem e o que não tem. Só que o dinheiro fica na cidade, voltando a circular e aparecendo mais rapidamente do que no caso do Circo. É que também o Parque de Exposições oferece as atrações artísticas, os espetáculos de rodeios e muita coisa mais que o povo gosta de ver e apreciar. Essa nossa festa já é um evento tradicional, com mais de três décadas, constituindo-se em um ponto de referência de nossa cidade. Patos de Minas é conhecida em outras regiões e até em outros Estados, mais pela Festa do Milho que promove do que pela produção agrícola e pecuária que lhe dá motivação. A Festa precisa ser anualmente realizada e, tanto quanto possível, aprimorada.

Talvez não fosse interessante que o Circo aparecesse por aqui, assim tão próximo à nossa Festa maior. Mas, afinal, a democracia existe é para isto: para que todos tenham seu direito. Entendo que a hora não foi oportuna para a vinda do Circo, mas ninguém tem o direito de impedir que ele por aqui se plante quando bem o quiser. E tanto é assim, que ele veio sem qualquer obstáculo.

E viva o Circo! E via a Festa Nacional do Milho! E haja dinheiro para nosso povo torrar!

* Fonte: Texto publicado na coluna Encontros e Desencontros da edição de 15 de maio de 1993 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann com cartaz da Festa do Milho de 1993 (do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho) e desenho de circo (de Umamuralhaazul.blogspot.com.br).

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