FESTA DO MILHO – A ORIGEM

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A primeira festa realizada em Patos de Minas e que destacou o milho como produto principal da atividade no campo foi em 1956, no distrito de Bom Sucesso, organizada pela professora Célia Santos de Lima. Ela contou, na época, com a colaboração das colegas Odília Assunção Pedra, Jesuína Porto e os alunos das Escolas Combinadas Monte Castelo, hoje Escola Estadual João Barbosa Porto. Toda a comunidade participou. As crianças teceram artigos de artesanato como flores de palha, balaios e carrinhos de boi, usando a palha de milho. As mães dos alunos e outras professoras ajudaram na culinária, preparando bolos e broas de fubá, canjica e pipoca. Na programação houve missa, apresentações de alunos e convidados da Escola ao ar livre, palestra de conscientização do produtor para o valor do cultivo da terra e a importância do milho, apresentação artística da dupla José Joviano e Joviano José, mutirão de fiação e de capina e, ainda, mostra dos pratos feitos à base de milho. A renda da festa foi destinada à manutenção da Vila dos Meninos.

A primeira Festa do Milho realizada na sede de Patos de Minas foi em 1959. Surgiu da necessidade de se criar um evento que movimentasse a cidade, seja com desfile de modas, bailes, festa da colheita ou para arrecadar recursos para obras na cidade. Nas pesquisas feitas, Padre Almir Neves de Medeiros apresentou à Ordalina Vieira (professora de francês na Escola Normal) a idéia de fazer uma festa para a construção do Colégio Municipal. A conversa entre eles aconteceu na calçada em frente ao antigo Hotel da Luz. Lia Brochado (proprietária da loja Rio Modas na Rua Major Gote nº 271, na época a mais conceituada da cidade, pois as confecções vinham do Rio de Janeiro feitas pelo costureiro chileno Rolland Gran), atravessou a rua e juntou-se aos dois. O então estudante Dercílio Ribeiro do Amorim estava presente e testemunhou, atentamente, o acontecimento.

Lia tinha grande interesse em fazer um desfile de moda na cidade, mas precisava de apoio para o evento. Num final de tarde de fevereiro de 1959, ela e a amiga Ordalina foram à Churrascaria Brasileira, no andar superior da antiga Estação Rodoviária, que se localizava na Praça Desembargador Frederico. Minutos após juntou-se a elas o proprietário do restaurante, Paulo Portilho. Um casal de namorados – Olympio Borges Queiroz e Maria Margarida Borges Malheiro – testemunhou o encontro dos amigos e teve a oportunidade de ouvir a conversa.

A princípio, Paulo Portilho sugeriu fazer a Festa da Colheita, nos moldes da Festa da Uva, no Rio Grande do Sul. O município de Patos de Minas era um grande produtor de grãos. Idéias foram sugeridas: Festa do feijão (por ser a nossa região a maior produtora de feijão, na época), do Trigo ou Festa do Milho. Esta foi considerada a mais lógica. O grupo, preocupado com a decoração, observou que o milho daria melhores condições de ser aproveitado e valorizaria a nossa cultura. Além de tudo o milho ganhava destaque em Patos de Minas.

Lia viu no desfile a possibilidade de trazer a Patos de Minas o amigo Rolland para coordenar a promoção. O evento teria muitos gastos e não poderia ser mal organizado. Muitas reuniões aconteceram. Procuraram, então, apoio do comércio e das lideranças. A melhor opinião aceita pelo grupo era de que, ao realizar a festa, a renda fosse revertida para uma causa nobre: a construção do Seminário Pio XII, localizado na Rua Tonico Batista, no Bairro Vila Garcia.

Com apoio do Bispo Diocesano Dom José André Coimbra, também consultado, formou-se uma comissão de senhoras e senhoritas da sociedade para o início do evento. Entusiasmadas, partiram em busca de apoio e mais lideranças.

Visitaram a Associação Rural, por ser a festa ligada à agricultura. O presidente da época, Pedro Pereira dos Santos, deu total apoio, lançando a idéia de, também, organizar a 1ª Semana Ruralista. Para isso contou com a ajuda do vice-presidente, Eurípedes Pacheco (Pai Vaca), do médico veterinário Mozart Pacheco e do Padre Josias Tolentino Araújo, secretário da Associação. O prefeito de Patos de Minas, Sebastião Alves do Nascimento (Binga), também endossou a idéia.

E assim nasceu a “Festa do Milho” em Patos de Minas, tendo como data principal o dia 24 de maio, aniversário da cidade. Foram inúmeras pessoas envolvidas, cada uma colaborando de uma maneira para organizar o evento. Para Pai Vaca, “A Festa do Milho não tem dono. Todos ajudaram e contribuíram, trabalhando para projetar o nome de Patos de Minas”.

* Fonte: A Festa do Milho Através dos Tempos, de Marialda Coury.

* Fotos: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho. Pela ordem: Padre Almir Neves de Medeiros, Ordalina Vieira e Lia Brochado.

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