TEXTO: JORNAL CIDADE DE PATOS (1916)
Quando em um dos nossos numeros ultimos criticamos certos actos, menos civilisados e até incorrectos de alguns, que se davam no cinema, estavamos longe de suppor que houvesse alguem com o topéte de nos censurar por isto; mesmo porque, poderiamos imaginar tudo, menos que um sujeito que procede mal, tenha o pouco acanhamento de nos vir as mãos porque estamos direitos.
Que nos dissesse que aquelles actos não se davam ou que se os justificasse – vá, porque uns gostam dos olhos e outros das… mas nos cinemas…! só mesmo um Guesdriro Zoria, que pelo nome não se perca.
Snr. Zoria, perdeu uma bôa occasião de ficar callado. Não acceitamos o seu conselho de prelecções de educação e de fiscalisar escolas, porque aquellas são das obrigações dos paes de familia e estas, dos funcionários para este fim nomeados; nos reservamos apenas, o direito de criticarmos os pouco educados quando encommodos; e aos Snrs. professores quando comerem o cobre do publico e não cumprirem os seus deveres.
Não procuramos saber quem é o Snr. Guesdriro ou Rodrigues e nem nos encommoda quem o seja, o que podemos garantir é que náturalmente é um dos taes Snrs. fumadores do cinema; mas é uma vergonha; ha momentos que parece uma fabrica em acção, com as suas fornalhas. As senhoras nos camarotes ficam suffocadas e as da platéia torcem o rosto para um lado e para outro e o cavalleiro, com o seu pito, parece uma locomotiva parada, a soltar lufadas de fumo; e ainda ha, uns Zorias, quem pensam não ser isto digno de critica!
O que nos causa pasmo é que estes cavalleiros não sentirem que, além de pouco gentis, são grosseiros.
* Fonte: Texto publicado na edição de 09 de abril de 1916 do jornal Cidade de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Noticias.universia.com.