TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1982)
Muitos talvez, pela tendência natural de ingratidão do ser humano, nem se lembram mais, do trabalho gigantesco da firma Cardoso Silveira, para trazer até nós, a imagem e o som da televisão, nos idos da década de sessenta.
Para um empreendimento de tão grande vulto, numa época em que os recursos da eletrônica e das telecomunicações estavam muito aquém dos atuais, nada mais natural que os momentos de insucesso se registrassem com certa frequência, causando grande frustração aos telespectadores.
Viviam-se então, momentos de grande expectativa, quando se aguardavam transmissões importantes como eram àquela época por exemplo, os famosos concursos de “Misses”, ou os sempre apreciados jogos de futebol, ou os até hoje aplaudidos capítulos de novelas, principalmente os finais e decisivos.
Eram então comuns entre nós, ante a ansiedade que precedia tais momentos, os comentários e indagações: “Será que logo a televisão estará no ar?”
E lamentavelmente, em que pesassem os esforços dos responsáveis, muitas daquelas vezes ela “não esteve no ar”, causando-nos grandes decepções. Mas tudo era então compreensível e perdoável.
Os tempos mudaram. A evolução da tecnologia no setor das telecomunicações, foi sem dúvida a mais acentuada nos últimos anos e eu que não entendo nada deste assunto, fico perplexo ante o que se passa nesta área.
Aqui para nós, depois de um certo período, o controle do assunto deixou de ser da firma pioneira – à qual rendo a minha homenagem e o meu aplauso – para receber o apoio da Prefeitura e creio das próprias emissora de TV, até que depois de muita luta e muitos anos de alegrias e prazeres, mesclados com momentos de ansiedades e de angústias, passamos a contar com um excelente serviço, que nos permite receber imagem e som perfeitos, através de dois canais.
Confesso que desconheço a forma como se explora este serviço na atualidade e nem mesmo sei de quem é a responsabilidade de sua manutenção, embora creio que à Prefeitura caiba uma boa parcela dela. O certo é, que nos dias atuais, contamos com um serviço quase perfeito, do qual devemos nos orgulhar.
Entretanto, nos últimos dias, aconteceu uma mudança brusca e desagradável, quando o telespectador patense já perdera o costume da expectativa daqueles primeiros tempos.
Exatamente nos momentos mais importantes, nossa televisão “nos deixa na mão”.
Quando os aficionados do automobilismo, nem mais piscavam ante o vídeo, acompanhando os últimos instantes da vitória de Nelson Piquet, eis que a televisão “saiu do ar” e todos “ficaram a ver navios”.
Se isto não bastasse, na tarde daquele mesmo domingo, haveria a transmissão do jogo Brasil x Alemanha e nosso povo teve que se contentar com as transmissões das emissoras de rádio, durante todo o primeiro tempo, pois nossa querida TV só se recuperou, exatamente quando se iniciava o segundo tempo do jogo.
Mas não ficaríamos apenas nisto. Poucos dias depois, quando a TV Globo anunciava que o jogo Flamengo x Santos, realizado no Maracanã numa noite de sábado, seria transmitido ao vivo para todo o país, exceto para o Rio de Janeiro, o patense se viu repentinamente “transformado em carioca”, porque ele também são pôde vê-lo.
A televisão mais uma vez, estava “fora do ar” e a irritação do telespectador crescia, a cada vez que ele em uma nova tentativa, ligava o aparelho, aparecendo no vídeo um estranho “balé de formigas” acompanhado daquele irritante chhhhhhhhhhh…
Como já disse, não sei de quem é a responsabilidade, mas espero que providências enérgicas sejam tomadas, para que a tão querida televisão não se converta em um terrível instrumento de suplício…
* Fonte: Texto publicado no Editorial da revista A Debulha, no n.º 45 de 15 de abril de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Navalbrasil.com, meramente ilustrativa.