ELEIÇÕES DE 1982: O VALOR DO VOTO

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TEXTO: JORNAL BOLETIM INFORMATIVO (1982)

Tanto o PDS quanto o PMDB, a nível local e regional, precisam de muito juízo na formulação, acima de tudo, dos esquemas de apoio a candidatos a deputado. Mais juízo. Menos egoísmo. Menos primarismo.

É elementar, meu caro Watson, diria o S. Holmes: a melhor maneira de defender os nossos interesses políticos e econômicos-sociais é elegendo os filhos da região.

A dolorosa experiência já demonstrou que os adventistas de longínquas plagas se esvaem como vapores que não deixam o mais leve sinal. São “mui-amigos” durante o curto período que precede os pleitos eleitorais. Mas, depois… o desprezo, a indiferença, quando não aquela saborosa e apreciada fruta.

Cabe ao povo tomar consciência disso e rebelar-se contra as más decisões daqueles chefetes municipais que traem descaradamente os mais altos interesses do nosso município e dos municípios vizinhos e amigos. Nas nossas atuais circunstâncias sem muita conversa, é claro que, dentro de uma ótica honesta e sem farisaísmo (hipocrisia), somente deveriam receber apoio OFICIAL dos partidos políticos aqueles candidatos a deputado realmente identificados com os verdadeiros anseios do povo da região, ou seja, aqueles que nela nasceram, ou moram, ou que pelo menos, por ela lutam diuturnamente, com amor, alma e coração. Não através de conversa, de papo furado, para ludibriar os “trouxas”, mas por meio de esforços, dedicação ao bem maior, que é o bem público, o bem social, o bem impessoalizado que serve indistintamente a todos.

Felizmente não estamos só quando advogamos esta linha de conduta, estes princípios, esta concepção. Ao contrário, o número de discordantes representa, entre nós, uma minoria insignificante, voltada para interesses de pessoas ou grupos e nunca da coletividade. Por isso, é que nos parece justa, elevada, nobre e sobretudo vitoriosa a campanha iniciada pelo Conselho Patense de Defesa da Comunidade, e posteriormente apoiada pela revista “A Debulha”.

Alegra-nos que tenha também tomado a mesma posição um grupo numeroso de ilustres patenses radicados em Belo Horizonte, entre os quais o digno Promotor de Justiça Dr. Américo Caixeta de Santana, o Sr. Virmondes Afonso de Castro, o Dr. Wolmar Borges, o Dr. Mário Garcia, o Dr. Lauro Lopes Pinheiro, o Sr. Fausto Santana, autores de um oportuno Manifesto, de que extraímos o seguinte trecho:

Chegou a hora de começarmos a formar uma barreira intransponível aos “mascates das urnas”, entregando nossos votos aos NOSSOS CANDIDATOS PATENSES. Somente assim sairemos da vergonhosa situação em que nos encontramos.

Quem pede a formação dessa barreira são homens de cultura e integridade indiscutíveis. E quem poderia duvidar do seu amor a Patos de Minas? E eles estão certos, porque a melhor opção politica no momento, para nós, é o caminho que preconizam.

O que é indigno é “vender” os votos do PDS da região, seja por Cr$ 5.500.000,00 ou por qualquer preço, ao Sr. Newton Veloso, rico empresário de Belo Horizonte que NADA TEVE E NADA TEM A VER COM NOSSA REGIÃO. Já esqueceram da célebre expressão “COMPREI E PAGUEI” que o Dr. Délio Borges tão bem lembrou em recente número de “A Debulha”? Seria intolerável uma nova traição à confiança de milhares de eleitores. Além disso, os tempos são outros. Subestimar a inteligência dos eleitores é prática suicida e demonstração de incompetência profissional e politica. É demais, depois de Gerardo Renault e da investida do Sinval, saírem com essa do “Velosão”.

Porque não votamos em nossos candidatos? Valem menos ou fazem menos? A verdade é que são tão capazes quanto os demais e muito mais necessários e eficientes.

Portanto, os nossos candidatos devem ser sufragados pelos eleitores dos seus respectivos partidos. Porque o PDS ameaça abandonar o Oswaldo, subestimando-o por N. Veloso? Quem, senão OSWALDO AMORIM, apesar de suplente de Deputado, vem defendendo os interesses de Patos e vários municípios da região perante os detentores do poder público? Nas últimas décadas nenhum Deputado Federal lutou tanto por Patos de Minas quanto ele, mesmo sem mandato. Porque essa total ausência de pronunciamento sobre sua candidatura para o pleito de novembro próximo, seja por parte do Elmiro ou dos componentes do Diretório Municipal do PDS?

Várias opções abrem-se ao Oswaldo, inclusive a de candidatar-se a Deputado Estadual, podendo bater o Elmiro em Patos de Minas porque o eleitor já o tem como mais dinâmico, mais lutador e de muito mais visão, mas se se candidatar a Deputado Federal, desta vez ampliará muito sua superioridade sobre qualquer candidato que não seja da terra. E se fizer dobradinha com candidato do outro município, quantos votos não perderia o Elmiro! Ou não é permitido que o faça? Ou só ao Elmiro é permitida tamanha aberração?

Ainda bem que o Oswaldo Amorim repete, alto e bom som, que, de qualquer forma, será candidato, porque conta com o apoio e a simpatia do povo patense, especialmente de sua juventude, das lideranças e do povo em geral, como foi demonstrado em recente pesquisa da revista “A Debulha” quando as mais diversas classes sociais foram pesquisadas, tendo seu nome recebido a preferência da esmagadora maioria das pessoas consultadas¹. Porque, leitor, os próprios companheiros locais do Partido (PDS) tentam bloquear a inevitável ascensão política de Oswaldo Amorim?

Não estamos divulgando boatos. Ao contrário, é uma realidade. Resta, entretanto, confiar na inteligência e independência das lideranças comunitárias e na sensatez do eleitorado de Patos de Minas e região. Lembrem-se, senhores políticos profissionais que é um dever moral defender os mais altos interesses da comunidade para merecer o seu voto nas urnas do dia 15 de novembro próximo. Manuseiem o voto para eleger aqueles que puxem (mesmo) progresso para a região. Não façam maquinações diabólicas (pessoais) para derrotar aqueles únicos que realmente “cavam” as obras e medidas administrativas que, por justiça nos deveriam caber e que, são arrastadas para outras regiões que contam com representação politica atuante.

Faltam-nos liderança e estratégia política realistas e maduras, o que não deveria continuar, sob pena de incalculáveis prejuízos, para Patos de Minas e toda nossa região.

* 1: Leia “Preferência do Eleitor Patense em 1981”.

* Fonte: Texto publicado com o título “O Valor do Voto” na edição de 03 de abril de 1982 do jornal Boletim Informativo e transcrito na edição n.º 45 de 15 de abril de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre desenho de jornalitanews.com.br.

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