Na década de 1950 o cinófilo Oswaldo Aranha Filho resolveu criar uma raça de cão para auxiliar na caça de onças pardas, pintadas e porcos-do-mato, que deveria ter algumas características especiais: excelente olfato, latido alto e variado, resistência, coragem e persistência para, em grupo, intimidar e perseguir a caça, por quanto tempo fosse necessário, atravessando matas cerradas, pântanos e até mesmo rios. Para conseguir estes objetivos, Oswaldo cruzou cães Veadeiro Pampeano, Foxhound Americano, Walkerhound, Bluetick Hound Americano, Black And Tan Hound Inglês, Coonhound Preto e Castanho e o Pequeno Azul da Gasconha.
Após quase duas décadas de trabalho, aproveitando-se de uma visita de três juízes da Federação Cinológica Internacional ao Brasil, em 1967, ele conseguiu no mesmo ano o reconhecimento do Rastreador Brasileiro por esta entidade cinófila. Mas, em 1973, 39 cães de seu plantel morreram devido uma epidemia de Piroplasmose e uma intoxicação por excesso de carrapaticida, praticamente extinguindo os animais resultantes do trabalho genético. Por causa disso, após uma reunião em 1974, a raça foi considerada extinta pelo Brasil Kennel Club, que era a principal entidade cinófila brasileira da época e filiada a FCI.
Durante o processo de desenvolvimento da raça, Oswaldo Aranha Filho doou dezenas de Rastreadores Brasileiros a caçadores e fazendeiros das regiões Sudeste e Centro-Oeste, em troca de avaliação de desempenho da raça. Após mais de meio século do início do trabalho de desenvolvimento, os descendentes destes cães se espalharam rapidamente por todo o interior do país, devido às suas grandes qualidades de caçador, muito procurado por outros caçadores e fazendeiros, e a isto se deve a sua expansão por outras regiões do país e a interrupção temporária do processo de extinção. Devido ao seu potente latido, é conhecido em algumas regiões como Urrador. No Pantanal, é chamado de Pantaneiro. Nesta região ainda hoje é muito utilizado por pecuaristas na caça ilegal a onças, suçuaranas e lobos-guará que ameaçam seus rebanhos.
A partir da década de 2000, o criador de Dogues brasileiros Victor Jones, de Salvador, criou uma organização chamada Grupo de Apoio ao Resgate do Rastreador Brasileiro-GARRB, dando início a um trabalho em busca de um novo reconhecimento oficial da raça junto a Confederação Brasileira de Cinofilia. Ele começou um árduo trabalho de busca, catalogação e cruzamentos de cães descendentes da criação de Oswaldo Aranha Filho. Hoje conta com a ajuda de vários colaboradores entusiastas da ideia e espalhados por todas as regiões do Brasil. Após dez anos depois do início do trabalho já conta com 55 cães cadastrados. Além destes, que foram encontrados em 10 Estados, foram localizados outros 50 Rastreadores Brasileiros de proprietários sem interesse em participar do trabalho de resgate da raça. A expectativa do GARRB é atender até 2013 a todas as exigências da CBKC para pleitearem um novo reconhecimento da raça.
Quanto ao padrão oficial da raça, o único existente até o momento foi publicado de maneira resumida na década de 1970 pela mais importante publicação sobre raças da época, a Enciclopédia Canina da Rizzoli Editore. Os integrantes do GARRB não conseguiram localizar este documento de forma integral, por isso com base neste documento e nas características mais comuns encontradas no Rastreador Brasileiro, criaram um novo padrão mais completo que está sendo analisado para sua posterior homologação. Quanto às suas habilidades de rastreador, o GARRB pretende apenas acasalar cães que sejam aprovados em um teste de aptidões naturais para cães de rastro. Espera-se com isto manter a habilidade de rastreamento da raça para quem sabe ela vir a ser utilizada como cão de busca e resgate.
São cães muito belos e têm aparência comum a maioria dos cães de tipo “hound”, do qual descendem. A cabeça é triangular, a trufa é escura e levemente aponta ao solo, olhos escuros, orelhas longas, caídas e com pontas arredondadas, o pescoço possui relativamente mais pele solta do que em outras partes do corpo. São relativamente grandes, podem atingir até 67 centímetros na altura da cernelha, possuem silhueta corporal retangular e aparência rústica e forte, sem no entanto, serem atarracados ou possuírem músculos marcados. Pelo contrário, a pele é um pouco frouxa ao corpo, o peito é forte e o abdómen é pouco marcado em relação ao peito. A cauda aponta para cima quando o cão está atento ou movimentando-se. A pelagem é curta e dura ao tato. As cores são anilado, branco com todo o corpo manchado de azul, branco com manchas de uma ou duas cores, geralmente pretas e castanhas.
Como esta raça está em processo de reconstrução, há pouca ou nenhuma informação sobre doenças específicas. Cão vivaz, alegre, muito sociável com pessoas e com habilidades de caça fora do comum, se porta tranquilamente em matilha. Não possuem muita vocação para a guarda, mas são excelentes cães de alarme, com latido muito alto e costumam urrar para pessoas que se aproximem do portão. São exímios farejadores e caçadores de animais de pequeno ou grande porte. Farejar até descobrir a caça parece uma obsessão para eles. A altura e a variedade de sons que emitem durante as caçadas são impressionantes.
O Rastreador Brasileiro é um cão de caça, não um tipo de cachorro utilizado como animal de estimação. Não é recomendado para casas com crianças pequenas ou idosos frágeis. Os Coonhounds, utilizados para a criação desta raça, são famosos por seu temperamento destrutivo, podendo destruir o ambiente doméstico, além de ter um instinto natural de seguir e agarrar gatos e outras criaturas.
* Fonte: Wikipédia.
* Foto: Dogwallpapers.net.