FILA BRASILEIRO

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Primeira raça brasileira a ser reconhecida internacionalmente pela FCI, em 1940, o Fila Brasileiro é um personagem anônimo da História do Brasil desde os tempos do descobrimento, quando ajudou os colonizadores na conquista do território brasileiro. Teve seu apogeu nas décadas de 1970 e 1980, quando era uma das raças com maior número de registros. É conhecido pela fidelidade e devoção extremas ao dono (pelo zelo com as pessoas que convivem em seu ambiente), e pela “ojeriza a estranhos”, características que criaram um provérbio brasileiro secular: “fiel como um fila”. Tais comportamentos foram apreciados durante os séculos de desenvolvimento da raça, o que ajudou a popularizá-la. A primeira aparição em exposições ocorreu em 1946, em um evento do Kennel Clube Paulista. Nesta ocasião, dois exemplares (Bumbo da Vila Paulista e Rola da Vila Paulista) inauguraram a participação do Fila.

Muito se fala sobre as raças que lhe deram origem, mas a intervenção do homem no seu aperfeiçoamento dividiu igual importância com a seleção genética natural a que este cão foi submetido devido as árduas condições encontradas pelos primeiros exemplares brasileiros em nossa história. Ele desempenhava as mais variadas funções junto aos colonizadores, como guarda, caça, proteção contra animais selvagens, pastoreio de bovinos, faro para localizar e capturar escravos fugitivos, e até cão de guerra, nos ataques a tribos nativas e posteriormente a quilombos. A teoria mais antiga e difundida sobre sua origem é a que reconhece que ele é descendente dos inúmeros cães trazidos ao Brasil durante todo o período de colonização portuguesa, raças que eram comuns em toda a Europa Ocidental.

Uma de suas características físicas mais marcantes certamente é o seu tamanho, que pode atingir até 75 centímetros de altura e 70 kg de peso. Tem uma das maiores e mais pesadas cabeças entre as raças caninas. Muitos criadores são unânimes ao afirmar que a raça tem uma característica singular entre as raças de grande porte: atinge em galope uma velocidade insuspeita para cães de tal tamanho; esta velocidade aliada ao seu porte dá ao animal um dos mais potentes ataques entre as raças de cães, podendo derrubar um homem com um mínimo de esforço. Sua velocidade, inclusive, o auxilia a superar obstáculos de até dois metros de altura com certa facilidade. Quando está andando, sua movimentação lembra à dos felinos, movimentando os dois membros do mesmo lado do corpo ao mesmo tempo, o que lhe dá movimentos muito largos.

A cor mais usual do Fila Brasileiro é o dourado ou amarelo em todas as suas tonalidades, desde os cremes, passando pelos tons de amarelo claro até chegar nos castanhos ou avermelhados, como cor de barro, em vários tons. Estas cores podem ou não ter rajas de pouca ou muita intensidade, finas ou grossas. Nos muito rajados, quase não se percebe a cor de fundo, e os rajados podem ser claros ou escuros, passando por todas as variações. Em menor escala temos os espécimes de cor preta.

O Fila Brasileiro possui um dos temperamentos mais paradoxos do reino canino, primeiro pela característica praticamente única entre todas as raças caninas e descrita em seu padrão oficial, que é a aversão a estranhos. Esta característica é reconhecida pela Federação Cinológica Internacional. Por causa disto, em exposições não acontece o contato físico dele com o juiz cinófilo, pois este tem ciência que tal comportamento é previsto no seu padrão rácico.

Suas habilidades para o trabalho também são marcantes, além de pré-disposição natural para a guarda, normalmente sem precisar de adestramento para tal. Por seu porte, agressividade quando necessária e principalmente pela sua coragem, já que não recua diante de tiros e bombas, é ideal para tropas de choque policiais, que tem a missão de acabar com distúrbios causados por multidões enfurecidas, o que o faz ser utilizado também por tropas de combate das forças armadas. Pelo faro apuradíssimo, em séculos passados já foi utilizado por capitães-do-mato para recapturar escravos fugitivos. Na área rural protege rebanhos de gado contra ataques de onças e ladrões, desempenhando também papel de cão boiadeiro, trabalhando para reunir o gado e acompanhando as comitivas quando necessário. Já foi até chamado de “cão boiadeiro”.

No Brasil é uma das raças oficialmente utilizadas pelo Exército Brasileiro, onde além de seu uso pelo Comando Militar da Amazônia, é também utilizado como cão de guerra paraquedista pela Brigada de Operações Especiais. Tem destaque como cão farejador ou cão de tropa de choque na polícia do exército, porém seu uso por outras forças policiais ou pelos corpos de bombeiros militares ainda é muito restrito. No exterior, é amplamente utilizado por várias organizações policiais estadunidenses, como o K-9, e também é muito comum o seu uso por agentes penitenciários de presídios de segurança máxima dos Estados Unidos. É sabido o seu uso por forças de segurança do Peru, Nigéria, Israel e Chile.

Devido ao tamanho e peso, é comum o Fila Brasileiro apresentar uma disfunção comum a todas as raças “gigantes”, denominada Displasia Coxofemoral (alteração física de caráter hereditário na articulação entre o fêmur e a bacia do cão, que causa problemas de locomoção, dor e incômodo). Por isso, observar se os pais são saudáveis no momento de adquirir filhotes é importante para evitar que não venham futuramente a ser portadores da displasia, já que se trata de uma doença genética.

* Fontes: Todos os Cães, de Gino Pugnetti; Wikipédia.

* Foto: Adestramento-rio-raças-gupo3.bogspotco.

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