POSTO PATÃO À VENDA EM 1999

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pataoAs desavenças entre os sócios do Posto Patão começaram no início de 1991. De lá para cá, vários processos de caráter administrativo social tramitaram na Justiça, resultando à mudança na administração da empresa e ações trabalhistas que culminaram na falência, impetrada pela Justiça devido ao não cumprimento da concordata.

A preocupação maior dos três sócios que detêm o capital social do Posto Patão, atualmente, é impedir que a empresa seja leiloada na data marcada para o próximo dia 20 de outubro. Segundo Adirom Antônio da Silva (41%), na última semana, duas advogadas de Brasília estiveram na cidade para fazer um levantamento das dívidas da empresa. “Quando acabar a auditoria, o Posto será vendido”, de acordo com ele, até na próxima segunda-feira o resultado deverá estar pronto. “Esta semana o negócio será fechado”, afirmou.

Segundo os sócios majoritários, Adirom Antônio e Adão Joaquim de Souza (36%), a dívida da empresa gira em torno de R$ 850.000,00. Desse total, aproximadamente R$ 250.000,00 são dívidas trabalhistas. De acordo com eles, o valor da negociação da venda do Posto alcança a cifra de R$ 1,5 milhão. Em princípio, os sócios preferiram não revelar os nomes dos interessados, mas “o ramo de petróleo será mantido”, informaram.

De acordo com Adirom Antônio da Silva, “a empresa estava funcionando razoavelmente”. Segundo ele, os 76 funcionários trabalhavam até 72h por semana, não havia livro, nem relógio de ponto. “Quando assumi a direção, logo em seguida um funcionário foi mandado embora e entrou na Justiça”.

Para Adirom, o fato do funcionário ter ganhado uma importância de R$ 7.500,00 somente com horas extras, incentivou os outros a procurarem a Justiça de Trabalho. “Foi uma enxurrada de ações trabalhistas, teve funcionário que ganhou R$ 20 mil, outros R$ 23 mil, R$ 18 mil, e até R$ 26 mil”. De acordo com Adirom, “chegou num ponto que a firma ficou descapitalizada, entrou em concordata, não cumpriu e o Juiz decretou a falência”.

Para Adão Joaquim de Souza, o motivo da falência da empresa foi a falta de entendimento entre os sócios. “O desentrosamento causou esses danos, chegando onde chegou”. De acordo com Adão, “a situação da empresa foi ficando difícil, com uma despesa muito alta, grande número de empregados e várias outras coisas que contribuíram para acontecer o que está acontecendo”. Segundo Adão Joaquim, o posto está sendo vendido para sanar as dívidas trabalhistas. “Os sócios não concordam em enfiar a mão no bolso para pagar as dívidas”.

O sócio Wilson Gomes Coelho possui 23% do capital social da empresa. Segundo ele, tudo indica que a falência foi levada pela má administração dos outros sócios. “Eles não me pediam opinião em nada. Essa briga resultou naquele ‘jacá de gato’ que está lá no posto”.

Para Wilson, a sua situação de sócio minoritário o deixou de “pés e mãos quadrados”. De acordo com ele, o Posto Patão está sendo vendido sem nenhuma opinião sua. “Não me perguntaram nada, não tenho vóz ativa nenhuma sobre eles”.

Quando interrogado sobre a falta de um relógio de ponto dentro da empresa, na época de sua administração, Wilson respondeu que esteve na empresa por 20 anos, “nunca tive problemas trabalhistas”. Segundo ele, o problema foi causado pelos outros sócios. “Minha despesa mensal no escritório girava em torno de R$ 1.500,00, eles passaram para R$ 4.800,00”. De acordo com Wilson, foi gerado um gasto muito grande com a contratação de familiares dos sócios. “Um dos filhos do Adão entrou ganhando 15 salários mínimos; o Adão 15 salários também, o Adirom 15 e o ‘Didi’ 12 salários”.

Wilson disse que todos os funcionários demitidos na época em que a administração foi substituída, procuraram o Ministério do Trabalho. De acordo com Wilson Gomes Coelho, o leilão do Posto Patão é somente para pagar um funcionário, o “Itamar”. Mas e os outros credores?”, questionou. Segundo Wilson, O Banco Bandeirantes e Unibanco registraram títulos em cartório, “e ainda temos outros credores”.

Por fim, disse: “soube que eles estão vendendo o posto para dois caras dos EUA, depois fiquei sabendo que os compradores são de Arapuá; eles já estiveram aqui, parece-me que são dois rapazes solteiros. Não me perguntaram nada. Achei errado, mesmo porque eu também tenho interesse em vender”.

* Fonte: Texto publicado na edição de 02 de fevereiro de 1999 do jornal Folha Patense, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Institucional.

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