PAULO MADAR PIVA – POLÊMICA

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Na edição n.º 9 da revista A Debulha, de 15 de setembro de 1980, Dirceu Deoclaciano Pacheco, em sua coluna “Malho e Cinzel”, publicou o seguinte texto, com o título “Infelicidade”:

Foi por reconhecer o valor dos gaúchos que aqui chegaram nos últimos três ou quatro anos e por sentir a importância do trabalho que eles vêm realizando no setor da agricultura, que “A Debulha”, em seu número 5 apresentou uma entrevista feita com o Dr. Paulo Madar Piva, Engenheiro Agrônomo, pioneiro do grupo.

Tomamos conhecimento há dias, com agrado, da matéria intitulada “Gaúchos descobrem Patos de Minas”, publicada na página 26 da “Gazeta Mercantil”, de 27 p.p., e tal foi a importância que demos a ela, que um de seus tópicos foi incluído nas “Anotações da Imprensa”, deste número.

Entretanto, surpreso, dias depois, lemos no mesmo periódico, à página 43, outra matéria intitulada “Preço da terra, fator de atração”, onde aparecem afirmações de extrema infelicidade, atribuídas ao mesmo Engenheiro Agrônomo Paulo Madar Piva, algumas das quais queremos refutar.

1) Os agricultores locais tinham um baixo nível de informação e sub-utilizavam a terra, com a criação extensiva de gado. Eles ainda estavam na fase de extração tipo índio – Há muitos anos nossa agricultura vem sendo bem conduzida tecnicamente, por Engenheiros Agrônomos de alta categoria, dentre os quais, não poderíamos deixar de destacar, o saudoso cientista Dr. Moacir Vianna de Novais, falecido há alguns anos e que, aqui exerceu a sua influência durante algumas décadas, inclusive, preconizando o aproveitamento dos cerrados e antevendo “nos chapadões da Ponte Firme”, um celeiro nacional. Há algumas décadas também, aqui está atuando a EMATER (ex-ACAR) orientando e preparando à altura, nosso agropecuarista. Por aqui, dezenas e dezenas de pessoas das mais variadas profissões, inclusive de nível universitário, se dedicam paralelamente à atividade rural e são pessoas bastante esclarecidas.

2) A cidade não esconde um tímido ressentimento com a prosperidade vertiginosa  dos gaúchos – Patos sempre foi uma cidade aberta e sua gente amiga, hospitaleira e acolhedora, sempre recebeu de braços abertos os “forasteiros” que aqui aportaram com grande alegria, em poder oferecer-lhes novas possibilidades de vida e ao invés de ressentir-se pela sua prosperidade, lenta ou vertiginosa o patense está sempre pronto a aplaudi-la, participando dela  e vendo nela, uma parcela do que é seu.

3) Patos não tem rádio FM e a vida cultural é muito fraca – A FM, vem por aí. Segundo seus diretores, dentro de breves dias, poderemos sintonizá-la em nossos receptores. Na “Debulha”, número 6, página 9, ao concluirmos a série “Gigante Acorrentado” analisamos o aspecto cultural da cidade que tem uma população estudantil da ordem aproximadamente de vinte e três mil pessoas. Lembramos que aqui a literatura em prosa e verso, a música, o balé, o teatro, a pintura, a escultura, o entalhe, o vitral, os trabalhos em cerâmica e porcelana, o conhecimento de língua inglesa e outros aspectos culturais são familiares à nossa juventude. Temos a Academia Patense de Letras, a Escola de Música Carlos Gomes, o Studio de Ballet Rosana Romano, o Grupo de Teatro Amador (GRUTA), e o Centro de Estudos Teatrais (CET) que inclusive possui o Teatro Telhado. Temos uma “Feira de Artes” que expõe exclusivamente trabalhos de nossos artistas, um Coral, um grupo de música popular e tantas outras coisas, que não são comuns às cidades interioranas. Várias outras afirmações devem ser contestadas igualmente, o que, entretanto, deixamos de fazer, por uma questão de espaço.

No final do artigo, consta a seguinte observação: Esta matéria já estava na composição, quando chegou às nossas mãos a nota intitulada: “ESCLARECIMENTO À OPINIÃO PÚBLICA”, que está publicada à pagina 41 desta revista. Segue o esclarecimento do entrevistado e uma sugestão da revista:

Com referência à publicação do jornal “Gazeta Mercantil” edição do dia 27 de agosto de 1980 em nota sob o título “PREÇO DA TERRA, FATOR DE ATRAÇÃO” em que se viu totalmente desvirtuada as declarações prestadas pelo entrevistado que a esta assina, venho de público esclarecer que são pseudo declarações, não refletindo a verdade e totalmente generalizadas pela autora da reportagem.

Desde nossa chegada a Patos de Minas e região, a recepção foi a melhor possível, acolhida e tratamento invejáveis por parte de toda população e órgãos a que mantemos contatos, e sempre procuramos corresponder a esta receptividade como é do conhecimento geral.

Em uma conversa informal que não foi além de cinco minutos, na qual procuramos oferecer subsídios reais sobre nossa atuação com a correspondente do jornal, nada foi escrito e sim desvirtuamento e jocosidade pela única responsável da reportagem.

O nosso sucesso se deve principalmente pela acolhida que temos, a facilidade de empréstimos agrícolas obtidos, clima favorável e no final a recompensa de uma colheita abundante.

Em momento algum demos entrevista como foi publicado atingindo a um povo tão amigo, enobrecendo a nossa pessoa em detrimento de dezenas de conterrâneos.

Está muito claro que houve a intenção maldosa de se expor idéias, por isso julgamos ser oportuno desmentir aquela reportagem publicada pelo conceituado jornal Gazeta Mercantil, para que nossa pessoa e todos gaúchos não venham a ser vítimas das inverdades publicadas.

Patos de Minas, 10 de setembro/80

Paulo Madar Piva

Rua Ouro Preto, 120

SUGESTÃO

Queremos fazer ao Dr. Paulo Madar Piva, a seguinte sugestão: Ouvimos a leitura da nota, pela Rádio Clube. Cremos que todos os órgãos da imprensa local a receberam. Entretanto, nossa imprensa é de alcance regional enquanto que a “Gazeta Mercantil” o é nacional. Muitos que leram aquela reportagem não haverão de tomar conhecimento de sua nota por aqui publicada, daí lhe fazemos a seguinte sugestão: envie a mesma nota à “Gazeta Mercantil”, para que ela alcance os mesmos leitores da matéria anterior.

* Fonte: Arquivo de Dácio Pereira da fonseca.

* Foto: Arquivo de Guilherme Piva.

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