Houve época em que os colégios da cidade, através de promoções de seus alunos, utilizavam-se de suas quadras esportivas para realizarem bailes e outros tipos de festas. Neste tempo, havia muitas reclamações com relação ao volume do som e do comportamento dos frequentadores destes eventos. Hoje, dificilmente, se consegue autorização para se realizar bailes, quadrilhas, forrós e outros tipos de festas em locais abertos. A própria UEP, que vem lutando com dificuldade por falta de caixa, foi proibida de fazer bailes em sua quadra de esportes. Depois de sair com prejuízo do último FEPAMI o presidente da UEP, Paulinho Babilônia, lamentava não poder promover um baile na sede da UEP para tentar obter recursos e cobrir parte do prejuízo que o festival deixou.
Não se questiona neste caso quem está com a razão, se é as autoridades, preocupadas em atender parte da população, ou se é os colégios e a própria UEP por não contarem com locais adequados para a realização destes eventos. Quanto a isso de fato é de se ficar em dúvida. O contrário, porém, está acontecendo com a direção do PTC – Patos Tênis Clube. Dotado de um ginásio coberto ainda inacabado, o clube, através de seu diretor, João Batista Dias, o Macarrão, tem promovido regularmente bailes com intuito de angariar recursos para dar continuidade às inúmeras obras que tanto têm beneficiado seus associados. Insatisfeitos, porém, com o movimento que nas noites de sábado acontecem nas dependências do ginásio, alguns moradores vizinhos ao clube fizeram um abaixo-assinado, encaminharam à prefeitura, forçando as autoridades a intervirem na promoção destes bailes.
Ora, o PTC é o local ideal para abrigar tais eventos e surge como ponto de conciliação entre as autoridades, os colégios e as demais entidades carentes de espaços próprios a estas promoções. É inadmissível que por causa de alguns poucos interessados, grande parte da comunidade, principalmente de camadas da sociedade com menor poder aquisitivo, possam privar-se de um local para divertimento. É sabido que o chamado “povão” tem poucas opções de lazer, e os bailes no ginásio do PTC, além de render recursos para que a diretoria do clube possa finalizar suas obras, evitam que centenas de jovens fiquem pelo centro da cidade gastando seus tempos ociosos em farras e bebedeiras que possam causar transtorno maior do que o próprio baile. É aconselhável que antes de tomar qualquer decisão no sentido de impedir as promoções que são realizadas no ginásio do PTC, as autoridades pensem bem sobre as consequências que podem advir. Pois, só desta forma se evitará o descontentamento deste sofrido “povão”, que sem os harmoniosos decibéis do famoso som do Baiano, simplesmente não terão para onde ir.
* Fonte: Texto publicado na edição de 26 de outubro de 1985 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Institucional.