Certo dia, uma das mocinhas daqui plantou essa mangueira aí. E como está na música, a mocinha foi crescendo igual a mangueira e num piscar de olhos ela começou a dar. Deu a primeira vez e não mais parou de dar. Pois é, meus donos sempre tiveram preocupação não só comigo, mas igualmente com o quintal, com muita planta e a mangueira da mocinha que dá demais e muita gente quer provar. Mas, de que adianta a linda mangueira da mocinha com a chegada desses monstrengos aí ao lado? A mocinha cresceu, a mangueira cresceu e simultaneamente os monstrengos cresceram. Apareceu um ali, outro mais pra lá, outro mais pra cá, mais um acolá e o mais recente é esse bitelo aí ao lado. Enquanto a mocinha era mocinha, ela gostava de namorar embaixo dela. E o namorado subia nela, e a mocinha adorava receber a manga madurinha trazida pelo namorado com muito carinho. Eram tão boas as subidas e as descidas, que a mocinha casou com o mocinho sem reparar que eu estava sendo rodeada por edifícios. Mas eu não, deixei de reparar na mocinha, no mocinho e na mangueira há muito tempo pra me concentrar no que estava acontecendo no meu entorno¹. Atualmente, enquanto a mocinha, o mocinho e o mais mocinho ainda que é o filho dos dois já não me frequentam com a constância de antes, a minha frequência em reparar no ambiente é de minuto a minuto. Neurose? Seja o que for, pouco importa, pois já sinto no ar o vento tenebroso da demolição, que jamais vai me tirar a condição de pertencente à História de Patos de Minas. E, como dois mais dois é igual a quatro, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Coronel Augusto Ferreira entre suas colegas Pará e Maranhão, no Bairro Lagoa Grande.
* Texto e foto (06/10/2024): Eitel Teixeira Dannemann.