Caminhava eu pelo Centro, com protetores nos dois ouvidos, óbvio, porque senão a gente não aguenta a barulheira das motos, carros com música nas alturas e a zoeira das caixas de som das lojas, quando na esquina da Rua Olegário Maciel com a Avenida Getúlio Vargas, mais precisamente em frente ao antigo palacete que foi do Amadeu Dias Maciel, topei com o Paulo, antigo companheiro de vivências nos idos tempos da juventude. Há muitos anos não nos víamos, e por causa disso resolvemos nos sentar num banco perto do Coreto e ali ficamos pelos menos uma hora trocando ideias, já que tínhamos muitas delas repetidas.
Depois do bate-papo, continuei minha caminhada descendo a Avenida Getúlio Vargas em direção ao PTC. E nesse passo-a-passo, veio-me à mente duas situações engraçadas e sadias acontecidas com o Paulo em dois saudosos bailes do saudoso Patos Social Clube. Num deles, ele manjou numa das mesas uma mocinha que aparentava ter a sua idade na época – 18 anos – muito da bonitinha lhe manjando. Ela estava acompanhada de um casal – provavelmente seus pais – e um rapaz. Seria seu namorado? Resolveu passar rente à mesa para sentir o drama. O rapaz nem notou que a mocinha ofertou-o um sorrisinho despistado. De um ponto estratégico, ele ficou admirando a mocinha, e ela despistadamente, olhando para o lado onde ele estava com um sorrisinho convidativo. Foi quando ela se levantou e se encaminhou para onde ele estava. Enquanto isso, o casal da mesa e o rapaz conversavam despreocupados. Os dois se encontraram:
– Oi, prazer, qual o seu nome?
– Maria do Carmo, e o seu?
– Paulo, daqui mesmo de Patos.
Resumindo a história, a empreitada do Paulo não resultou em sucesso, porque, palavras dele, a mocinha tinha mau hálito e ele, despistadamente, tirou o time de campo. Mais adiante, num outro baile, sabendo que uma endinheirada e muito bonita viúva de 50 anos estava presente, deu-lhe uma sapituca de vontade de convidá-la para dançar. Ele foi muito bem avisado pelos amigos que a distinta senhora era… digamos assim… cheia de não me toques. Mas o Paulo, ousado na flor de seus 19 anos, disse que ia sim dançar um pouquinho com a madama. E foi:
– Bela dama, conceda-me o prazer de uma dança?
– Que é isso, eu não danço com crianças.
– Ó, desculpe-me, madame, não sabia que estava grávida.
Resumindo novamente a história, foi um auê, pois a madama se sentiu ofendida, mas tudo acabou serenado. E eu já chegando ao PTC, rindo muito comigo mesmo, passa por mim uma senhora e pergunta:
– Tá se sentindo bem, senhor?
Êta vida boa de lembranças sadias, tão boa quanto uma batata baroa!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 25/02/2020 com o título “Palacete Mariana na Década de 1960”.