DEIXAREI SAUDADE – 281

Postado por e arquivado em 2024, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Certo dia, um neto de uma das almas que aqui mora, perguntou ao avô: – Por que essa rua se chama Afonso Pena? A resposta: – Eu sei que ele foi Governador de Minas Gerais e Presidente da República, mas, interessante é que não há nenhuma Lei que decretou essa rua com o nome dele e eu não tenho a mínima ideia do porquê e nem quando colocaram o nome dele nessa rua. Taí, se os daqui dentro de mim não sabem, imagine eu. E eu tô nem um pouquinho preocupada em saber disso. Melhor, pouco me importa em que rua fui construída. Importante é que fui construída, mesmo que tenha sido no lugar de uma semelhante, porque eis que não tive culpa alguma. Me incomoda demais da conta é o sumiço de outras. Por exemplo, foi-se a Escola da Dona Madalena. Já vieram uns três edifícios e recentemente surgiu um na casa do Walter Caixeta¹. Esse trem tá ficando perigoso. Não sei ainda como a antiguíssima casa do Chiquinho Pereira e da Vovó Nenem² ainda não foi derrubada. Os proprietários não estão nem aí pra gente, e eu provo dizendo que quando decidem nos derrubar não querem nem saber o quanto os aconchegamos. É vapt-vupt e olha nós no chão e olha o edifício crescendo. Será que os humanos não vivem sem o tal do progresso? Será que o negócio deles é sempre derrubar o velho e construir o novo, apagando toda a História que tem cada um dos imóveis derrubados? Por falar em História de Patos de Minas, aqui estou, fazendo parte dela, viva ou morta, quer dizer, em pé ou derrubada. Isso é inexorável, ninguém tira de mim. Assim como, quando chegar a minha vez, deixarei saudade!

* 1: Leia “Deixarei Saudade – 48”, “N.º 159 da Rua Afonso Pena em Dois Tempos”.

* 2: Leia “Residência da Família de Chiquinho Pereira e Vovó Nenen”, “Antigo Beco do Chiquinho Pereira”, “Sobre o Chiquinho Pereira”.

* Texto e foto (18/04/2024): Eitel Teixeira Dannemann.

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