TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2024)
Na fajuta descoberta do país do pau brasil em 1500 por Cabral, pois o país do pau brasil já havia sido visitado por algumas civilizações antigas e que na realidade, em se tratando de portugueses, quem realmente descobriu o país do pau brasil em 1498 foi o nauta Duarte Pacheco Pereira, eis que eles, os portugueses, na colonização, foram quem instalaram no país do pau brasil a ditadura.
E por falar no Cabral, eis que o tal era adivinhador. Você aí que tem um neurônio a mais que os outros sabe perfeitamente que aquele cesto lá no alto do mastro principal daqueles navios das descobertas, as naus, tem o nome de gávea e que lá costumava ficar um marujo com uma luneta para tentar vislumbrar algo além do mar. Eis que, na chegada da nau do Cabral na costa do hoje Estado da Bahia, o marujo da vez naquele dia gritou em alto e bom som: – Monte à vista! Nessa, cabisbaixo, o Cabral, vidente, perguntou: – Monte de que? Ele sabia onde estava chegando!
Então, a colonização do país do pau brasil foi a nossa primeira ditadura, visto que tudo era decidido pela coroa portuguesa. Era ela, a coroa portuguesa, que ordenava o que qualquer vivente na nova terra, incluindo os nativos, deveria ou não fazer. Tudo tinha que ser de acordo com os interesses da coroa portuguesa. Até que veio o Dom Pedro I e decidiu emancipar o país do pau brasil, estabelecendo-se o Império, a nossa segunda ditadura, pois tudo continuou como dantes no quartel de Abrantes, isto é, só eles, que instauraram o Império, é que mandavam, e o povo, sem jamais ser ouvido, tinha que obedecer as normas impostas. O povo, como sempre, pagando a mantença de tudo e sendo obrigado a obedecer os donos do poder.
Teve um momento em que uma turminha, insatisfeita com o Império, já nos idos de Dom Pedro II, resolveu que era o momento de defender os seus interesses, deles, os da turminha, e jamais e em tempo algum, defender interesses do povo, só deles, da turminha, e assim, essa turminha, defendendo seus exclusivos interesses, extinguiu o Império e proclamou a República, oferecendo ao povo a democracia, a liberdade, o direito ao voto. Bacaninha, né. E o povo? Tadinho, como sempre, um mero pagador de impostos, pois só os da turminha é que mandavam, que ordenavam o que o povo tinha que fazer!
Quem pesquisar a nossa História vai descobrir que desde 1500 o país do pau brasil já viveu mais de duas mil revoltas e conflitos por causa das ditaduras vigentes, desde a Colonização, passando pelo Império, pela proclamação da República até que, novamente, lá pela década de 1930, outra turminha, se lascando como sempre para o povo, tomou o poder do país do pau brasil unicamente para defender seus interesses, e instalou novamente a ditadura, e o povo, o Contribuinte, sem jamais ser consultado, pagando a conta.
E como sempre é assim, a turminha de fora, defendendo unicamente os seus objetivos e se lixando para o povo, tirou a turminha de dentro e veio novamente a democracia, a liberdade, o direito ao voto. Bacaninha, né. E o povo? Tadinho, como sempre, um mero pagador de impostos, pois só os da turminha é que mandavam, que ordenavam o que o povo tinha que fazer!
Ora, é evidente que a turminha de fora não poderia engolir a turminha de dentro. Então, a turminha de fora começou a articular para tirar a turminha de dentro. Veio então a Ditadura Militar. Óbvio, sem jamais e nunca, pensando no povo, o Contribuinte, unicamente para defender seus interesses. Mas eis que, a turminha de fora da vez não queria de jeito algum ficar fora do poder e tratou logo de tirar a turminha militar de dentro. Nessa, se qualquer um imaginar que a turminha de fora estava querendo tirar a turminha militar de dentro em nome da democracia/povo, recomendo internação psiquiátrica urgente. Então, a turminha de fora tomou o poder da turminha militar de dentro.
Foguetes, palmas, salvas de canhão, gritaria e o escambau: a Democracia voltou. E o que mudou? Na Ditadura, seja militar ou não, quem manda é o tal no comando, e o Contribuinte não tem participação alguma na escolha, e o tal no comando é que vai decidir o que o Contribuinte tem ou não tem o que fazer. Na Democracia, há o Voto, e aí, pasmem, o Contribuinte é presenteado: é ele, o Contribuinte, que escolhe quem vai lhe ditar as normas, pois após a posse do eleito pelo voto, ele, o eleito pelo voto, vai agir igualím qualquer um ditatorial: não vai te perguntar absolutamente nada e o Contribuinte vai estar sujeito às ordens dele, o eleito. Em outras palavras, assim age o eleito na democracia: Cada um tem o direito de se manifestar, de dar sua opinião, de reclamar, de cobrar, mas a decisão é sempre minha e quando eu bem entender.
Você que é patense e que se lembra das últimas gestões, sabe perfeitamente que, durante as campanhas eleitorais, os candidatos são amiguíssimos do eleitor, conversam com eles nas ruas com abraços e ainda perguntam o que Patos de Minas precisa, e, contando com eles, prometem até que vão trazer navios para o Rio Paranaíba. Mas… mas… depois de sentados no trono do poder, adeus eleitor. A partir do momento da posse, se transformam nos novos ditadores, e decidem o que querem e quando querem e fim de papo. Por um acaso, perguntam ao Contribuinte se ele está incomodado com a zoeira insuportável de motos, carros com som, bicicletas motorizadas e carretas arrebentando as ruas do Centro? O atual poder público revogou a Lei que obriga os estacionamentos particulares – cujo prefeito é dono de um deles – a só cobrarem por fração de 15 minutos, prejudicando um mundaréu de usuários. Por um acaso ele te perguntou se você concorda com isso? Claro que não, o contribuinte pode reclamar o quanto quiser, pois na democracia do voto o eleito faz o que quer somente quando quer sem lhe dar satisfação alguma.
Concluindo, na Ditadura, seja qual for, o Contribuinte está sujeito às ordens de quem foi colocado no poder sem interferência alguma do Contribuinte. Na Democracia, através do Voto, é o Contribuinte que escolhe quem vai lhe ditar as ordens. Entendeu? Pelo menos na ditadura militar não tinha audiência de custódia e justamente por causa disso não existia bandido com 20, 30, 50, 80 ou mais passagens pela polícia e muitas vezes sendo preso três vezes num mesmo dia. Não é à toa que, na democracia de hoje, principalmente nas capitais e grandes cidades, sair de casa e voltar com seus pertences e principalmente vivo, merece comemoração. Ah, e quem mandava no país era o presidente, e não juízes!
* Foto: thenounproject.com, meramente ilustrativa.