TEXTO: PADRE JOSÉ BATISTA (1945)
Atacar a escola tradicional catolica è considerar papalvos, inaptos, atrasadões toda uma geração de sabios, toda uma companhia de santos, toda uma escada de herois, sabios e benemeritos que, no correr dos seculos, a Igreja Catolica formou e apresentou ao mundo! Não é isso uma injustiça? Não acham desrespeitoso anular todos esses provectos professores, tantos abnegados mestre-escolas, os grandes luzeiros de outrora, muito mais profundos, muito mais sabios, muito experimentados, muito mais religiosos do que esses criticos imprudentes e ingratos de ultima hora? E o mais curioso é que muitos desses censores de hoje devem á disciplina tradicional o que eles sabem, todas as luzes que ostentam. Seriam eles tambem uns “inconscientes” e mal formados? E contra os que ainda militam contra o ensino da religião nas escolas, de encontro aos que aconselham a neutralidade total, nada diremos. Apenas deixemos que o dia de “amanhã” faça sentir a eles mesmos, na propria pele, o quanto andam enganados. Depois eles nos dirão si é preferivel adotar o regimen que o aluno faz e o que entende, quando e como entendem, satisfazendo na integra seus instintos rebeldes e dando asas á maldade congenita de que está possuida toda natureza adolescente, sem direção alguma, sem freio algum, sem a menor severidade, sem nada que a chame ao caminho do dever, no mais livre pandemonio, na mais completa liberdade, ou si vale a pena adotar o metodo educativo catolico em que o aluno obedece conscientemente de modo racional; longe de fazer o que lhe sugere a ardente imaginação turbulenta ele pauta sua vida por regras, mas como já está informado anteriormente da necessidade de um rigor ameno a que se submete não se rebela, e tudo aceita porque mede e vê o sentido pratico de tudo aquilo nas situações da vida para que, intregralmente se prepara. Nisto concordam pedagogos de mentalidades religiosas diferentes. E’ preciso que nos compreendam.
O “amanhã” nos dirá, embora tardiamente, a realidade ultima desses metodos extremamente dulcorosos, modernissimos. Esperar um dia depois do outro, é melhor.
Mais justo seria que para o futuro tivessemos mais reconhecimento para com a escola tradicional católica que não é, como erradamente pensam alguns, o predominio da palmatoria, do baraco e cutelo. Ela possui tudo o que as novas correntes têm de bom e de melhor, na adaptação sábia que se fez aos metodos mais novos. Ela continua rejeitando impiedosamente os extremismos pagãos, todo excesso prejudicial. E foi dentro desta inteligente norma que ela soube plasmar e continuará fazendo os melhores valores da nossa nacionalidade.
Rejeitem-se os preconceitos aleivosos contra a pedagogia seguida pela igreja. Não se deve confundir mazela pessoal com pedagogia nova ou velha. Nem se pense que estou abrindo polêmica ou encerrando conflito.
Tenhamos idéias claras e sejamos reconhecidos. Assim o pede o bom-senso. Assim o aconselha a Religião. Assim o sugere a caridade. Assim o propomos e queremos todos. Assim seja para o bem da Pátria, e o proveito eficiente de todo individuo que ora se instrui e educa em nossas Escolas. E o porvir estará assim garantido e salvo.
* Fonte: Texto publicado com o título “Educação e Preconceito” na edição de 28 de janeiro de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Trecho do texto original.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.