JORNAL “A METRALHA” SATIRIZA O JOGO − 1

Postado por e arquivado em HISTÓRIA.

O nosso jornal sentiu-se orgulhoso com a abertura dos clubs de jogo.

Não ha industria q’ supere a arte de Grimaut. É tão mais agradavel ganhar dinheiro palestrando em reuniões animosas q’ vão até alta madrugada; dinheiro liquido, sem negociatas, dinheiro que tem o mesmo valor que o cobre ganho á custa de um trabalho insano, ao sol ardente.

Agora sim, com este gesto brilhante de um grupo de progressistas, a nossa cidade vai se rejuvenescer cheia de vida, alegre e prospera. Não é tão bello contemplarmos, á noite, os vastos salões dos clubs, profusamente illuminados?

Pois bem. E’ lá q’ os paes vão ganhar o sustento de seus filhos e dar-lhes um bonito exemplo, ensinando-lhes o bom caminho.

As ceias, as bebidas são mais deliciosas pela noite adentro.

Isso do homem trabalhar e julgar que ao lado de sua esposa e seus filhos é que se encontra paz e tranquillidade d’alma é muito antigo, e a falar verdade, é proprio de gente tola.

Por isso, ao abridor dos clubs, “A Metralha” leva sinceros parabens pelo consolo que vai bater ás portas de muitos lares; pela alegria com que vão ficar as mães de familia; pelo contentamento de muitos pais honestos e pelo bom exemplo que deixa aos moços; e sobretudo, pela riqueza que vai entrar no municipio, quando virem os jogadores de fóra, que, quasi sempre, deixam 30, 40 contos na nossa cidade.

* Fonte: Texto de Dimas Pinto (diretor do jornal) publicado com o título “A Metralha é a favor do jogo” na edição de 24 de julho de 1917 do jornal A Metralha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do UNIPAM.

* Foto: Início do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

Compartilhe