TEXTO: MARIALDA COURY (2016)
“O futuro pertence aos que acreditam na beleza de seus sonhos”…
Da velha Patos de Minas pouco restou, mas sua história continua viva na minha lembrança. Aqui cheguei com 3 anos idade, vindo de Presidente Olegário, terra abençoada por Santa Rita de Cássia. Minha avó materna, Etelvina, me pediu emprestada aos meus pais e não devolveu. Com ela passei parte da minha infância até os 10 anos, quando ela veio a falecer em janeiro de 1957.
Tenho, portanto, na minha lembrança, muitos fatos acontecidos quando criança que jamais foram apagados da minha memória. Foi uma infância cheia de coisas boas, tendo avó e tias cuidando da neta querida com rigidez, respeito e carinho. Uma família criada nos princípios antigos, mas com muita dignidade. Acompanhava minha avó nas visitas aos parentes, amigos e comadres. Nas festas religiosas também seguia com ela nas procissões, principalmente na festa de Nossa Senhora da Abadia, da qual era devota por causa das minhas dores de ouvido. Por causa disso, sempre tapava com as mãos quando soltavam foguetes de rabo, com aqueles estampidos fortes. Jamais me esqueci das festas religiosas, das barraquinhas, dos leilões, da barraca do correio elegante, do jogo de roleta para ganhar uma maçã argentina. A minha avó pertencia ao Apostolado da Oração (fita vermelha) e à Irmandade de São José (fita amarela).
Morávamos na Av. Getúlio Vargas n.º 457 e com olhos de criança vi a avenida crescer e receber muitas casas novas e asfalto. Era longa e muito linda com poucos jardins floridos de hortênsias azuis. No quarteirão vizinho ficava a minha escola, Grupo Escolar “Marcolino de Barros”, uma majestosa e imponente construção que encantava os que por ali passavam e se detiam para admirar os detalhes do projeto arquitetônico até hoje conservado.
Lá no final da avenida, o Largo da Matriz onde foi erguida a primeira igreja, marco oficial da fé dos moradores da cidade, conservada até a década de 60. Sua inexplicável demolição causou espanto e até hoje muitos não compreendem esta decisão, pois viram cair um pedaço da história dos nossos antepassados.
Anos depois, a necessidade de expansão fez surgir o novo templo dedicado ao glorioso padroeiro “Santo Antônio”, na Praça Dom Eduardo. Tenho boas lembranças do Monsenhor Manuel Fleury Curado, um dos Padres daquela época, alto, magro, humilde e de uma serenidade que transmitia a todos grande paz espiritual. Minha avó o conhecia bastante e sempre o visitava em sua casa na Rua Afonso Pena, levando quitandas para seu café matinal.
Ainda me lembro bem do início da obra de construção da bela Catedral dedicada ao Santo Antônio da beira do Rio Paranaíba. Foram muitos anos de luta para que, no final, o povo pudesse festejar em 13 de junho de 1954 o templo quase finalizado. Muita festa e alegria. Tenho orgulho de dizer que em 1998, visitando a cidade de Paracatu, encontrei a foto da sua inauguração nas velhas caixas de fotografias dos parentes de meu esposo: Adriles Ulhoa e Altina Costa Ulhoa. Uma relíquia registrada pela lente do saudoso amigo Chilon Gonçalves que, sobrevoando a cidade naquele dia, imortalizou este momento histórico tão importante para todos nós.
Aqui fica a minha contribuição nesta pesquisa iconográfica tão representativa para o registro de uma época inesquecível. Admiro e considero importante a história dos nossos antepassados e guardo com carinho e respeito fotografias, objetos, tudo enfim que registra a riqueza do passado. Amo e tenho orgulho desta cidade que me viu crescer e me considero uma patense apaixonada por tudo que se relaciona com a sua história.
* Fonte e foto: Do livro “Patrimônio de Santo Antônio − do Sítio ao Templo (2016), de Sebastião Cordeiro de Queiroz.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.