UMA RUA DE LAZER PARA PATOS DE MINAS

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A1TEXTO: ADOLFO ANDERLE (1982)

Numa palestra, proferida pelo meu caro amigo Marcos Pacheco, em que abordou o assunto: OS PASSOS DA CULTURA EM PATOS DE MINAS; ao citar os anos 50 fez questão de lembrar com ênfase que “naqueles bons anos” (Sic) à tarde, as famílias tiravam as cadeiras de casa, colocavam-nas nas calçadas e passavam a confraternizar entre vizinhos. Enquanto as crianças brincavam nas ruas calmas, os mais velhos aproveitavam para conversar e trocar idéias.

“Belos tempos aqueles!” Sem dúvida, “belos tempos” em que as famílias viviam unidas, conversavam; trocavam idéias e todos se enriqueciam. Depois veio a televisão, as cadeiras começaram a não aparecer mais nas calçadas; as famílias se fecharam em casa. Os vizinhos dificilmente tem tempo para conversar; não se visitam mais. Não temos mais comunhão. Não temos mais comunidade.

Os jovens enchem as lanchonetes e os bares, às vezes, para poder “bater um papo se sentem na obrigação de pagar uma bebida, muitas vezes acabam caindo na bebida”. Como seria bom se voltassem “aqueles tempos!” Saudosismo? É um pouco sim; mas também uma vontade muito grande de ver os jovens conversando, rindo solto, namorando. Discutindo educação, política, religião, sexo, etc… Mas aonde? Nos bares?

Também, mas para irem tomar alguma bebida – o certo mesmo é que a cidade lhes desse um lugar para ficarem à vontade, livres. Depois de observar por muito tempo a afluência de pessoas, principalmente de jovens na rua Olegário Maciel – entre a Major Gote e a Praça dos boiadeiros não tenho dúvidas em apontar aquela rua, como o local ideal para um ponto de encontro.

As vezes a própria polícia, notando o afluxo de pessoas neste local prudentemente acaba fechando precariamente a rua. Eu diria que seria ótimo que a referida rua fosse fechada para o tráfego e transformada em rua do lazer. Na entrada da rua poderia ficar o ponto de táxi e o restante poderia ser arborizada, junto as árvores poderiam colocar bancos e mesas. Tenho certeza que veríamos, com alegria crianças puchando seus carrinhos, mamães com seus carrinhos levando os nenês. Amigos sentados à mesa para trocar idéias. Jovens, muito jovens com suas alegres algazarras; enfim teríamos a rua do lazer, da alegria, da amizade, da família, dos amigos. Seria uma rua em que não haveria perigo, pois o tráfego não circularia por aí.

Acredito que todos ao visitar outras cidades, encontram um lugar, uma praça ou algum ponto de encontro na cidade; nós ainda não temos. Não adianta dizer que temos a belíssima Getúlio Vargas. O lugar de lazer tem que ser aquele onde o povo vai naturalmente, e… naturalmente o povo se reúne na Olegário Maciel. Que tal senhor prefeito e senhores vereadores dar este presente para o povo?

* Fonte: Texto publicado com o título “Uma Rua de Lazer Para Patos” na edição de 04 de fevereiro de 1982 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Sescmg.com.br, meramente ilustrativa.

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