TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1944)
Mais brasileiros seguem para o front italiano, segundo declarações do Sr. Ministro da Guerra, a quem foi entregue importante setor na luta.
Indiferente a isso, a vida tumultua pelas cidades e campeia o luxo pela sociedade brasileira com um fascinio cada vez mais dominador, embora o encarecimento exagerado de tudo.
Indiferentes a isso, continuam os bailes e festas, como si o brasileiro pudesse sacrificar tudo menos os seus constantes e interminaveis divertimentos.
Indiferentes a isso, as transações de terras e de zebús se realizam em espantosas proporções.
Indiferente a isso, o dinheiro roda em catadupas, não permitindo que a tristeza invada os nossos lares.
Mas, com maior indiferença, assistimos ao cortejo da pobreza e da infancia desamparada por nossas ruas, no desfile interminavel da miseria.
Nós que queremos que Deus amerceie de nós, poupando-nos das durezas da guerra e fazendo com que os brasileiros tornem a seus penates sem grande sacrificio de vida − por nosso turno, temos o imperioso dever de amparar os pobres que nos rodeiam e nos circundam.
Quem quer que sejas, leitor patense, onde quer que estejas, patense amigo desta terra, tens o dever de voltar as vistas para essa chaga que contrasta com a nossa riqueza para que, incentivando o vizinho e o amigo, organizemos todos a sacrossanta cruzada patense de amparo á pobreza, para maior elevação de nós mesmos, e a nossa querida terra que deve evoluir sem máculas e sem manchas.
* Fonte: Texto publicado com o título “A Vida Continua” na edição de 08 de outubro de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Três primeiros parágrafos do texto original.