No âmbito da minha existência, uns dizem que meu estilo arquitetônico é o Barroco. Outros dizem que é o Rococó. Barroco e Rococó, tem dó Deiró, não estou nem aí pra isso. Pelamordedeus, e ainda tem uns dizendo que é neoclássico. Ora bolas, quero saber disso não, pouco me importa o nome do meu estilo, me importa saber que fui erguida para aconchegar pessoas e que há muitos anos venho fazendo justamente isso, além de também ser comércio. O que me importa é que sou antiga e que a História de Patos de Minas reconhece a minha existência, mesmo não sendo oficial, mas reconhecida pelas pessoas que me consideram daquele tempo em que os prédios eram estilosos e não como esses edifícios tipo caixote que estão surgindo que nem formiga no açúcar nos novos loteamentos. E por falar em edifícios, isso é o que me interessa mais do que tudo. Por quê? Ora bolas, venha visitar onde estou e você vai me entender¹. Não se trata, ainda, de desespero, e sim de preocupação. O negócio é o tal do progresso que não quer saber de Barroco, Rococó ou Neoclássico, pouco importa, ele vem, chega e sem dó nos reduzem a escombros e sobre nós vêm os caixotes nos bairros mais afastados ou estilosos no Centro e nos bairros mais endinheirados. Não há como fugir disso, é inexorável, questão de tempo, mais ou menos longo, ele vem e vapt-vupt, sumimos, vamos para a eternidade, e nem a Nossa Senhora dos Imóveis consegue nos salvar. E assim o visual da Cidade vai mudando, do Centro em direção aos bairros, crescendo pra cima, o velho cedendo lugar ao novo, como bem diz a música da Banda de Pau e Corda: − Morre o velho, fica o moço, digo isso a toda hora, o que é verde amadurece e o que é velho se renova². Vou tocando a vida, esperando… esperando… sem piti, e quando a véia da foice chegar, deixarei saudade!
* 1: Rua Dr. Marcolino quase esquina com Avenida Paranaíba.
* 2: Redenção, autoria de Waltinho, gravada no disco de mesmo nome em 1974.
* Texto e foto (17/04/2022): Eitel Teixeira Dannemann.
