Tem um amigo de um morador daqui que gosta muito de conversar sobre o nosso passado. Toda vez que ele vem aqui não dá outra: começa a falar de nossos antepassados, daqueles que desbravaram esse sertão, e o que ele mais gosta, é comentar sobre o casario antigo, construções seculares que sistematicamente estão sendo demolidas em prol do desenvolvimento da Cidade. É verdade, a mais pura verdade. Entretanto, nos idos tempos o desenvolvimento da Cidade era baseado na construção de casas e quando muito prédios de dois andares. Hoje em dia, qualquer casa é motivo para ser substituída por edifícios. É o novo progresso que há muito tempo chegou por essas minhas bandas¹. Há poucos dias o tal amigo do morador daqui informou que no quarteirão de cima uma minha semelhante já está condenada e que o edifício deverá ter uns oito andares. E assim o papo entre os dois prossegue nesse tema da substituição de casas por edifícios. Enquanto isso fico ouvindo e tentando assimilar casa palavra, cada vírgula, para poder aceitar de uma vez por todas que eu, da mesma espécie das outras que estão sendo consumidas pelo progresso, terei o mesmo destino. O enigma é o tempo, mas esse tempo não será tão longo assim, visto a rapidez das transformações no meu entorno. Como diz o amigo do morador daqui, tudo é História, e tudo o que existe hoje na Cidade, como eu, faz parte da História de Patos de Minas. Tão certo como dois mais dois é igual a quatro, quando eu não mais existir, deixarei saudade.
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Pedro Tomáz, quase esquina com sua colega Ildefonso Bernardes, no Bairro Jardim América
* Texto e foto (12/02/2023): Eitel Teixeira Dannemann.
