CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA FELINA

Postado por e arquivado em ANIMAIS DE COMPANHIA, DOENÇAS, GATOS.

A Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH) é o distúrbio cardíaco mais diagnosticado em gatos domésticos, com uma elevada taxa de ocorrência nesta espécie e entre as anormalidades, se destacam a hipertrofia da parede ventricular esquerda simétrica ou assimétrica, acompanhada da diminuição ou não da cavidade, arritmias, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e também morte súbita. A causa não é atualmente conhecida, sendo necessário um diagnóstico clínico de exclusão. Contudo, existe a possibilidade de uma base genética associada (autossômica dominante com transmissão completa) e indica que os gatos de raça pura são mais predispostos. A faixa etária é variável, porém a média engloba gatos entre quatro a sete anos de idade. Enquanto a população de felinos em geral desenvolve a doença somente em idades mais avançadas, em algumas raças, como o Ragdoll, a doença evolui de forma grave nas idades compreendidas entre oito a 12 meses, até 15 meses de idade. Estudos sugerem que existe maior predisposição nos machos

A parede do ventrículo esquerdo (VE) fica mais rígida, reduzindo a sua distensão e causando distúrbio diastólico, o que atrapalha o enchimento ventricular e aumenta a pressão diastólica, podendo levar a uma insuficiência cardíaca congestiva esquerda. O volume ventricular é reduzido, o que causa uma diminuição do volume ejetado. A pressão ao encher o VE leva a um aumento na pressão do átrio esquerdo (AE), que sofrerá uma dilatação e levará ao aumento da pressão venosa pulmonar. Diante disso, a sístole apresenta-se ineficiente o que resulta em uma hipertrofia compensatória. O paciente fica predisposto a ter hipertensão venosa pulmonar, edema pulmonar, congestão, efusão pleural, tromboembolismo arterial e isquemia miocárdica. Com o funcionamento irregular da valva mitral, ocorre a regurgitação do sangue para o interior do AE, ocasionando um fluxo sanguíneo turbulento, característico do sopro.
As principais alterações clínicas podem ser alterações do sistema respiratório inferior, por conta do edema pulmonar, como dispneia, taquipneia, tosse e cansaço fácil. Alguns animais podem apresentar letargia, prostração e anorexia. Os felinos podem ser assintomáticos e depois de sofrer estresse, desenvolver sinais. Podem apresentar também sinais de ICC e/ou sinais de doença tromboembólica. Durante a auscultação detectam-se taquiarritmias, sopro sistólico ao nível do ápice esquerdo do coração, por vezes também audível na região basal esquerda durante a obstrução aórtica sub-valvular e 6 ruídos de galope. Quando há tromboembolismo, os sinais mais comuns são a paresia ou paralisia aguda do membro posterior, pulso femoral fraco ou inexistente, palidez ou cianose nas extremidades, rigidez dos músculos gastrocnêmicos e dor aguda à palpação. Caso tenha insuficiência cardíaca congestiva direita, o pulso jugular será positivo, e haverá distensão abdominal por ascite, esplenomegalia e hepatomegalia. Nas fases crônicas há frequentemente caquexia e desidratação. Na insuficiência cardíaca congestiva esquerda as manifestações respiratórias ocorrem secundaria, consequentemente à hipertensão venosa pulmonar e edema pulmonar, incluindo taquipneia, ofegar associado à atividade física, dispneia e eventualmente tosse. No exame físico a efusão pleural também pode estar presente, atenuando os sons pulmonares ventrais. Quando ocorrem síncopes normalmente é devido à taquiarritmias ou a obstrução do trato de saída do ventrículo esquerdo, e situações de estresse ou insuficiência cardíaca congestiva grave, o que pode resultar em morte súbita. Em animais com insuficiência cardíaca grave, podem haver outros sinais, que incluem prolongamento do tempo de preenchimento capilar (TPC), palidez ou cianose da língua e mucosas e hipotermia e pulso femoral fraco. Descobrir a doença precoce é importante, pois podem evoluir para arritmias, trombose e morte súbita.

O principal objetivo no tratamento é a melhor qualidade de vida do paciente, e para uma maior sobrevida, controle da frequência cardíaca e diminuição da pressão de enchimento do VE, abolição das arritmias, minimização da isquemia ao promover a oxigenação, a diminuição da obstrução da via de saída do VE e finalmente, o controle da ICC presente. É importante tomar cuidado com situações estressantes e diminuir o nível de atividade dos animais. O prognóstico é bastante variável, que vai depender da apresentação clínica do animal, quais doenças secundárias ele apresenta e sua resposta ao tratamento. Concluindo que é uma patologia comum nos felinos, que não possui cura, porém realiza-se o tratamento para diminuir os sinais e proporcionar uma melhor qualidade de vida.

* Fonte: Cardiomiopatia Hipertrófica Felina: Revisão de Literatura, de A. G. Ribeiro, F. B. Souza e M. R. Ribeiro.

* Foto: Cpt.com.br.

Compartilhe