CATÁLOGO TELEFÔNICO DA CTBC DESAGRADA USUÁRIOS − 1

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TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)

Dentro de nossos objetivos de sempre mostrar o lado positivo das coisas, temos mencionado algumas vezes os bons serviços que a Companhia de Telefones do Brasil Central – CTBC vem realizando em nossa cidade e região, ampliando e melhorando cada vez mais a sua rede que hoje se estende a quase todos os pontos da cidade e da região.

Ninguém ignora que a prestação de serviços telefônicos é uma das despesas mais caras do brasileiro, chegando suas taxas às raias do absurdo, especialmente as do famigerado “serviço medido”. Portanto, a expansão e melhoria dos serviços, tão úteis e importantes, nada mais são do que uma contra-partida aos milhões e milhões de cruzeiros arrecadados anualmente pela concessionária, o que no entanto, não diminui os seus méritos.

Dentre os vários serviços, destaca-se o fornecimento anual do catálogo telefônico ao usuário, que não só aqui, como em qualquer outro lugar se constitui em excelente veículo de informação, além de função precípua de fornecer os números telefônicos. Até aqui, nossos catálogos vinham sendo vistos desta forma pelos usuários, mas já não podemos dizer o mesmo do atual que está sendo distribuído no momento, confeccionado em um formato discômodo e feio (mais comprido e mais estreito), onde se fez uma verdadeira condensação de minúsculas letras, tornando-o quase inútil às pessoas com problemas de visão, a não ser que lancem mão de uma lupa.

Isto é fácil se comprovar, quando se observa que as quarenta e três páginas ocupadas no catálogo de 1983, para quatro mil e poucos terminais, tenham sido reduzidas a pouco mais de dezenove, para o registro dos mais de cinco mil telefones de 1984.

Pode ser que os catálogos de outras cidades sejam feitos da mesma forma, mas o uso abusivo das aspas indicando a repetição de nomes, dificulta sobremaneira a leitura e se isso não bastasse, foi criado um sério problema no caso do assinante que tenha dois telefones (profissionais liberais, por exemplo), quando um deles está registrado na lista pelo prenome e outro pelo sobrenome, desnorteando totalmente quem a consulta, ao contrário do que acontecia com os catálogos anteriores que apresentavam os dois telefones seguidamente, tanto pelo prenome como pelo sobrenome.

Quase todos os nomes de assinantes foram abreviados, alguns de forma estranha, tornando difícil a identificação das pessoas em certos casos e fazendo o catálogo praticamente inútil em suas outras funções, como por exemplo a de consulta para endereçamento de correspondência.

Outras falhas podem ser apontadas, mas imagino que estas são mais do que suficientes para demonstrar a grande falha de prestação de serviço, exatamente no ano em que a CTBC teve sua concessão ampliada por mais dez anos, à revelia da administração municipal.

E o pior de tudo é que não só o povo de Patos de Minas, como também o de Brejo Bonito, Carmo da Paranaíba, Cruzeiro da Fortaleza, Lagamar, Lagoa Grande, Lagoa Formosa, Pindaíbas, Presidente Olegário, Quintinos, Rio Paranaíba, Santana de Patos, São Braz e Vazante, terá que aguentar isto durante um ano inteiro ou mais, se não houver uma enérgica reação à altura das inúmeras reclamações que tenho ouvido.

O humor brasileiro criou o dito de que “a economia é a base da porcaria”, o que não chega a ser de todo uma verdade, considerando-se a importância da economia como “virtude que leva alguém a pautar-se de forma austera, contendo as despesas não essenciais”. No presente caso porém, que me perdoem os seus diretores, a CTBC, com a sua medida de economia, conseguiu uma grande “porcaria”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Economia, Base da Porcaria” no Editorial do n.º 101 de 15 de outubro de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: pontoxp.com, meramente ilustrativa.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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