REIVINDICADO SINDICATO AGROPECUÁRIO EM 1944

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TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1944)

Deixemos que nos elogiem os de fora, surpresos pela uberdade de nosso solo, pelas qualidades de nossa gente. Quanto a nós mesmos, nada de narcisismo, pois o contentamento de si mesmo opõe-se aos impetos de progresso e de aperfeiçoamento.

Nossa organização politico-social não está completa. Guaratinga¹ ressente da falta de qualquer cousa importante. Municipio sem classes produtoras organizadas em associação, é amorfo e afônico. Precisamos de um sindicato agro-pecuário. O governo brasileiro pede isso aos produtores de todos os municipios, e não tem sido atendido aqui. Os homens publicos não podem mais dedicar tempo ao atender pessôas, individualmente, pois se complica a máquina administrativa e em consequencia se apoucam as horas de que dispõem eles.

Quando atende o diretor de um sindicato, o homem público está atendendo os milhares de associados, que ele representa.

Não dispomos, aqui, de órgan classista para pedir, para reclamar, para esclarecer, para agradecer, para representar. Muita cousa, de que necessitamos, só não existe, por não existir entidade apropriada a promover sua obtenção. Por outro lado, quer no governo estadual quer no federal, devemos ser encarados como cidadãos que até hoje não demos a menor atenção aos incentivos do Estado no tocante à organização profissional. Esta não se opõe a interesses nenhum.

Quando cada municipio pertencia a um grupo faccioso, os partidos dificultavam a formação de sindicatos, pois eram ciumentos, desejavam ser voz singular nos assuntos municipais. Isso, porém, terminou em 1930 e já podem considerar-se derrotados, mortos e enterrados, os que porventura imaginassem possível o retorno a tais costumes politicos. Mortos, porque não souberam evoluir. Em oportunidade mais ou menos recente, nosso esclarecido Prefeito Municipal² manifestou simpatia pela organização sindical dos agro-pecuários.

Por que, então, não se organizam estes?

* 1: Leia “O Dia em que Patos deixou de ser Patos − 1 e 2”.

* 2: Clarimundo José da Fonseca Sobrinho, o Prefeito Camundinho.

* Fonte: Texto publicado com o título “O que nos falta” na edição de 19 de abril de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Dois primeiros parágrafos do texto original.

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