MÁRIO GARCIA ROZA − 11.º PRESIDENTE DA RECREATIVA

Postado por e arquivado em PESSOAS.

Marcos José de Queiroz Garcia é o mais velho dos nove filhos de Mário Garcia Roza e de Dona Maria Anunciação, conhecida pelo apelido de Anunciata. Os demais filhos são: Mauro, Maria Inês, Mário Garcia Filho, Maria Andrea, Marcelo e Maurilio (gêmeos), Marlon e Marla. Todos com iniciais de letra M em homenagem a pai e mãe. A família hoje é composta de 23 netos e 2 bisnetos e reside quase toda em Belo Horizonte. Marcos é o único que retornou para Patos de Minas. Ele tem um casal de filhos, Álvaro e Caroline. O Álvaro reside em Brasília, e trabalha como gerente no Banco do Brasil, ainda sem filhos. Já a Caroline reside em Patos e é solteira.

Marcos é de frequentar pouco a Recreativa, gostando de participar dos bailes de comemoração do aniversário do clube. Quando seu pai foi presidente da Sociedade Recreativa Patense no ano de 1957, Marcos estava com nove anos. Ele nasceu em 1948. Ele se lembra do pai se arrumando para ir ao clube. Diz que sua mãe sempre foi dedicada è família e nesta época já haviam nascido quatro filhos. Era rígida com a educação dos filhos: deitar cedo para acordar cedo e ir para a escola. Marcos frequentou o Marcolino de Barros e a aula começava às 7 horas da manhã.

Mário Garcia foi um grande empresário e é difícil encontrar uma atividade em que ele não tenha participado. Nascido em 1924, ele começou a trabalhar muito jovem, talvez com nove ou dez anos de idade. Irmão de Genésio Garcia, Mário é o mais novo da família e não estava ligado à política. Auxiliou o irmão quando este era prefeito de Patos de Minas, fazendo parte da equipe de governo.

Como empresário, ele foi dono da Loja da Seda, antes de funcionar a filial, na Rua General Osório. Ele ia a São Paulo, trazia cortes de tecidos exclusivos para suas clientes. Dizia assim: no baile seu vestido será o único, não vai ter nenhum corte igual. Nos bailes, nas festas, praticamente as mesmas pessoas estavam presentes. Era a sociedade da época. Se duas mulheres aparecessem com o mesmo corte de vestido, uma das duas teria que ir embora para casa. Senão ficava uma coisa muito constrangedora.

Antes de ser comerciante, Mário já tinha sido barbeiro e açougueiro. Foi o primeiro em Patos a fazer loteamentos de grande porte. Como exemplo, a Vila Garcia, que leva este nome por causa de sua família. São em número de oito loteamentos na cidade feitos por iniciativa de Mário Garcia. Da mesma forma São José da Lagoinha, hoje Lagoinha e Santa Terezinha. É dele a ideia de fazer uma avenida larga, de 30 metros. Daí surgiu a Avenida Paranaíba e somente ali foram mais de 1000 lotes. Tinha um coração de ouro. Doou o terreno onde foi construída a Escola Estadual Abner Afonso, inserida na região do Bairro Nossa Senhora das Graças, que também teve loteamento feito por Mário.

Montou na região da Vila Garcia um beneficiamento de arroz e feijão para seleção e ensacamento para venda em São Paulo. Foi um cerealista de porte. A rua Mata dos Fernandes foi criada dentro do loteamento de Mário Garcia, além das demais ruas: do Leal, Ponto Chic, do Gigante. Estes nomes eram homenagens aos fazendeiros da região que forneciam os cereais para ele. Existe a região do Gigante, do Ponto Chic, com várias fazendas. Ali havia produção especial e trazia o feijão para ele.

Mário era contador formado quando assumiu a presidência da Recreativa, pela Escola Técnica de Comércio Pio XII, posteriormente Colégio Sílvio de Marco (Colégio da Penha). Ele queria estudar, pois não havia concluído seus estudos. Tinha apenas o segundo grau e queria um curso superior. Resolveu construir uma escola, desde a primeira pedra. Então edificou o prédio onde hoje é a Escola Estadual Professor Zama Maciel, chamou o Padre Almir, a Penha e o Professor Deodato. Mário era o dono e era também aluno. Na época em que o Binga foi prefeito, ele repassou a escola para a municipalidade mesmo sendo da política opositora. Ele sempre teve livre acesso aos políticos de todos os partidos.

No período, o governo federal passou a exigir que os clubes regularizassem suas situações contábeis. A Recreativa, até a gestão de Mário Garcia levava os registros em livros caixa e livros de ata. A partir dele, foram contratados os serviços de contabilidade para fazer a escrita e regularizar a sociedade. Mário convidou Eurípedes Gonçalves Martins para a tarefa. Até hoje o escritório é o mesmo. Esta ação é muito importante e conduziu a Recreativa até os dias de hoje com sua contabilidade em dia, registrando as movimentações financeiras, apresentando os balancetes e balanços de forma regular. Com certeza, um dos fatos que viabilizaram a sociedade e a fez manter-se viva ao longo desses oitenta anos. Outro fator crucial, segundo Marcos, é que as famílias se incumbiam de administrar com seriedade, honestidade, diferentemente do que está acontecendo no país hoje. A Recreativa é uma organização que sobreviveu a tantos desafios por oito décadas e se apresenta sólida em relação a sua saúde financeira.

Mário era um empreendedor com visão de futuro. Tomou as decisões certas nos momentos certos. Suas contribuições para o município são significativas e provocaram mudanças que chegam até nós nos dias de hoje. Construiu o Roza Hotel, o Cine Garza (Gar de Garcia, Za de Roza, de ascendência espanhola). A primeira Boate chamada Menina Moça, no mesmo prédio, onde hoje funciona um restaurante. Para se ter uma ideia de seu amor por esta cidade, o filho de Israel Pinheiro ofereceu todas as vantagens para que Mário levasse seu projeto de cinema, hotel e boate para Brasília, antes mesmo da inauguração da capital em 1959. Mário preferiu investir em Patos. Fez a grande diferença.

Ele se mudou para Belo Horizonte para estudar e fazer o tão sonhado curso superior, em 1963. Trabalhava de dia e estudava à noite. Formou-se em Direito pela PUC, na mesma época que seu filho Mauro se formava em Medicina. Em BH também fez loteamentos e construiu em vários locais. Construiu próximo à rodoviária um mercado de 350 lojas e vendeu todas. O tino comercial era uma marca característica de Mário, um empreendedor raro. Fez grandes loteamentos também em outras cidades próximas a BH, como Neves, que chegou a remodelar a cidade.

Dona Anunciata, mulher de Mário, tem este apelido desde criança. Ela diz que o marido tinha um coração muito bom. Fazia doações que nem ela mesma ficava sabendo. Gostava de ajudar a todos. Foi Vicentino por muitos anos. Tinha um temperamento mais sério, mas gostava da Recreativa. Gostava de festas e ficava feliz quando tinha um baile. Anunciata estudou em Patrocínio, recorda de algumas amigas que foram colegas como Neli Neves, Dalva Amorim, Lourdes Queiroz, a Astrogilda, Ilda Borges, Celina e Geralda. Conheceu Mário quando ele ainda era barbeiro, em frente à Recreativa. Casaram-se em 1947. Frequentavam os bailes e as horas dançantes da Recreativa, apesar dos filhos pequenos, mas ele queria sempre estar presente.

Foi eleito em 20 de novembro de 1956 para a gestão de 1957 com a seguinte composição de diretoria:

Presidente, Mário Garcia Roza; Vice-Presidente, Júlio Bruno; 1.º Secretário, João Batista Borges de Andrade; 2.º Secretário, Modesto Marques Ferreira; Tesoureiro, Ilídio Pereira Júnior; Comissão de Contas: Cristovão Caixeta de Melo, Hugo José de Souza, José Gonçalves de Carvalho; Suplentes: Floriano Queiroz, José Peres de Lima, Ubaldo Caixeta de Mendonça.

Mário Garcia faleceu em outubro de 2008, com 84 anos de idade. Seu legado é muito amplo na cidade de Patos de Minas e merece um estudo para conhecer toda sua extensão. Sua família, apesar de viver em BH, tem laços muito fortes com Patos, embora apenas o Marcos vive aqui. A Sociedade Recreativa Patense preserva o nome de Mário Garcia Roza com muito carinho no hall de presidentes e se orgulha de ter contado com uma pessoa tão dinâmica e tão realizadora em seus quadros. São pessoas desta qualidade que fizeram e fazem a história de nosso clube.

* Fonte e foto: Livro “Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos” (2018), de Dennis Lima.

Compartilhe