GENÉSIO GARCIA ROZA − 10.º PRESIDENTE DA RECREATIVA

Postado por e arquivado em PESSOAS.

Dando início a uma série de quatro futuros prefeitos da cidade de Patos de Minas, a Recreativa elege para o período de 1952 a 53 seu décimo presidente, onze anos após a inauguração da nova sede. A Sociedade Recreativa Patense, que já era um local de encontro de políticos desde a sua fundação, tem agora em seus quadros o futuro mandatário da cidade, sedimentando assim a posição política dentro da sociedade daquela época.

O filho Vicente Paula de Queiroz Garcia descreve, com suas próprias palavras, a história do pai:

Nascido a 1.º de outubro de 1919, filho de João Garcia Roza e Cherubina Maria da Conceição, em Patrocínio-MG, veio para Patos de Minas com os pais e irmãos, oitavo entre nove irmãos, em meados de 1924. Órfão de pai aos 11 anos, em dezembro de 1930, teve que interromper os estudos precocemente e começar a trabalhar para ajudar nas despesas de casa. Trabalhou como auxiliar de açougueiro, vendedor em armazém de fazenda, na Mata dos Fernandes, tropeiro, até que em 1938, com 19 anos, comprou a primeira fazenda, no município de São Gonçalo do Abaeté-MG, em sociedade com seu irmão José, financiado por familiares e amigos.
Virou criador e comerciante de bovinos, levando boiadas para frigoríficos de Barretos-SP. Fazendo negócios com muitos fazendeiros, foi tecendo amizades e conquistando pessoas, pela retidão com que cumpria os compromissos assumidos. Em 17 de janeiro de 1946 casou-se com Terezinha Caixeta de Queiroz, filha de José Caixeta de Queiroz e Maria Joaquina Borges, membros de duas famílias tradicionais e importantes de Patos de Minas. Desta união, nasceu um filho de nome Vicente Paula, que viria a ser engenheiro civil, em Belo Horizonte.
Em 1945, em sociedade com o irmão Mário e o cunhado José Queiroz Jr., instalou em uma das lojas do prédio da Sociedade Recreativa Patense, um comércio de roupas denominado “Loja das Sedas”. Em seguida, irrequieto e empreendedor, em sociedade com o irmão Mário, comprou uma área nas cercanias da cidade, onde construiu armazéns com capacidade de 50.000 sacas de cereais, e máquinas de beneficiar arroz, feijão e café, prestando serviços a terceiros e comerciando cereais. No restante da área, fizeram os sócios o primeiro de vários loteamentos, que veio a ser a Vila Garcia. Nos anos seguintes vieram os Bairros Nossa Senhora das Graças, São José, Lagoinha, Santa Terezinha, Paranaíba e Boa Vista. Na Vila Garcia, uma área foi doada para a construção de moradias para idosos, pela conferência de São Vicente (Vila Padre Alaor)¹. Neste período também, comprou e vendeu o “Magnífico Hotel”, em frente à Recreativa.

Genésio assume a presidência da Recreativa em 1952, o que pode ter contribuído para consolidar uma base de articulação para sua futura carreira na política de Patos de Minas. Era do PSD, partido que se opunha à UDN, e consegue se eleger para o cargo de Prefeito Municipal, em outubro de 1954, onde realizou um governo com muitas obras para a cidade. Sua gestão na Recreativa marcou, portanto, um período de vitórias, coroando com êxito o esforço dos que o antecederam na presidência e deu uma nova dimensão ao cargo, uma vez que projeta um futuro mais presente e importante na vida social da cidade. A diretoria por ele liderada ficou assim formada:

Genésio Garcia Roza, Presidente; José Borges de Andrade, Vice-Presidente; Modesto de Melo Ribeiro, Primeiro Secretário; Francisco Gonçalves da Fonseca, Segundo Secretário; Arlindo Belucco, Tesoureiro; Comissão de Contas: Elpidio de Melo Ribeiro, José Alonso dos Santos e Júlio Bruno; Suplentes: Augusto Caixeta de Melo, Dolor Caixeta de Melo e Olinto Rocha.

O Engenheiro Vicente Paula descreve os fatos da época com as seguintes palavras:

Em 1952 foi escolhido para presidir a Sociedade Recreativa Patense, o que procurou fazer com todo empenho e entusiasmo, sendo assíduo frequentador, terminando seu mandato em fins de 1952.
Em julho de 1954, vencendo resistências internas do PSD, foi indicado candidato a Prefeito Municipal, por sua familiaridade com o povo e vastas relações de amizade, para tentar vencer a hegemonia dos Maciéis, que vigorava desde a fundação do município. Percorreu todo o município, que na época englobava Lagoa Formosa e Guimarânia, apresentando seu plano de governo e em outubro venceu a disputa eleitoral, com 7216 votos (59%), contra Vicente Pereira Guimarães (ex-prefeito Vicente Mandu) com 5100 votos e uma diferença significativa de 2116 votos, elegendo a maioria dos vereadores.
Em sua passagem pela Prefeitura, apesar dos parcos recursos à época, procurou principalmente construir escolas urbanas e rurais por saber da importância do saber. Entre elas a Escola Monsenhor Fleury, na Vila Garcia, em terreno que doou ao município; o prédio do Tiro de Guerra; a estação de passageiros no Aeroporto; calçamento e arborização de ruas e avenidas, criando um Horto Municipal; terminou a Usina das Lajes, que abasteceu Patos até a chegada da CEMIG; construiu 318 casas populares para os carentes; rede de água e esgoto, e o Mercado Municipal, entre tantas melhorias, inclusive nos distritos.
Batalhou com Dr. João Borges e Monsenhor Fleury e incentivou a construir o Ginásio N. S. de Fátima (Colégio Marista) anseio da sociedade Patense. Em 1955, Patos foi elevada à diocese, e o prefeito Genésio Garcia participou da instalação do bispado, tendo recebido o 1.º Bispo, D. José André Coimbra.

A Recreativa, neste período, dava sequência a seus bailes elegantes e afamados, com bandas inesquecíveis, abrigava o jogo de cartas, mantinha uma biblioteca e uma discoteca própria e agora passa a ter um papel fundamental nos destinos de Patos de Minas. A década de 1950 estava no início e era muito promissora em termos de crescimento do país, da produção e de sua identidade política. Genésio surge como um legítimo representante dessa época, realizador e dinâmico, líder entre seus contemporâneos.

De acordo com seu sobrinho o nome Roza era grafado corretamente com “z” do espanhol “Rozar”, significando roçar. Daí onde surgiu o “Cine Garza”, cujo nome é formado pela primeira sílaba de Garcia-Gar, e pela última sílaba de Roza-Za. É importante resgatar este detalhe de nossa História, segundo Marcos José de Queiroz Garcia, filho de Mário Garcia Roza, irmão de Genésio.

Coube a essa figura histórica, Genésio Garcia Roza, o papel de transformação que iria determinar de forma contundente os próximos anos de existência da Recreativa. De forma definitiva, Genésio, assim como os demais exemplos de gestão de sua vida, colocou a Sociedade Recreativa Patense em destaque de importância política, coisa que havia perseguido desde o início de sua formação.

Genésio faleceu em dezembro de 1988, pouco antes de completar 70 anos, de acidente automobilístico. Deixou uma família orgulhosa, um legado amplo de realizações em nossa cidade e a imagem definitiva de credibilidade da Sociedade Recreativa Patense. O Engenheiro Vicente Paula termina sua narrativa sobre a vida de Genésio Garcia Roza:

Faleceu em acidente automobilístico, em 13 de dezembro de 1988, na rodovia “Fernão Dias”, nas cercanias de Três Corações-MG. Deixou a esposa, filho e à época 2 netos; depois nasceu mais um neto. A esposa, companheira forte e corajosa, faleceu em 9 de maio de 2000, estando sepultados juntos no Cemitério Parque da Colina, em B. Horizonte. Deixaram ambos muita saudade e muitos amigos. Seus netos, todos formados pelas escolas da UFMG, sendo o mais velho, Luiz Henrique, professor de Museologia da instituição; o segundo, Renato, Treinador de Tênis e o caçula, Mateus, Engenheiro Civil.

* 1: Na verdade, a área não foi doada, e sim vendida. Leia “Vila Padre Alaor: A Origem”.

* Fonte e foto: Livro “Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos”, de Dennis Lima.

Compartilhe