LOBO-GUARÁ

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Quando pensamos em lobo nos vem à cabeça a imagem de um cão selvagem, que vive em matilhas em um frio intenso e tem por hábito uivar ao luar. Isto se dá principalmente pelo fato de espécies como o lobo-cinzento, que ocorre apenas no hemisfério norte, terem sido protagonistas de várias histórias, contos, filmes e documentários da vida selvagem. Mas ao pensar em lobo, os brasileiros deveriam primeiramente se lembrar da única espécie que ocorre no nosso país, o Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus).

Este animal, que chama atenção pela pelagem avermelhada, é parente distante do lobo-cinzento do qual se distingue em inúmeros fatores, a começar pela aparência. O lobo-guará tem uma fisionomia delgada, com pernas finas e compridas. Não à toa é considerado o maior e mais distinto canídeo da América do Sul. O corpo, de 20 a 30 quilos,  mede em torno de 1,30 metros e a cauda pode atingir os 40 centímetros. Outras características marcantes são as orelhas grandes e as patas negras. Além disso, possui algumas partes do corpo esbranquiçadas, como a garganta e a ponta da cauda. Muita gente o descreve como “um lobo com jeitão de raposa vestindo luvas negras”.

Apesar de ele ser visto por muitas pessoas como um animal “malvado”, o nosso Lobo-Guará é um lobo do bem, além de ser um bicho de comportamento dócil, inofensivo ao homem. Devido à perda de habitat e também a casos relacionados à caça ou atropelamento, está ameaçado de extinção. Porém, há muitos pesquisadores que lutam pela conservação da espécie. É um animal onívoro, se alimenta de pequenos roedores, répteis, aves e também de frutos. Entre tantas variedades, os frutos da lobeira se destacam como fonte primária de sua dieta.

Tem o hábito solitário, apenas no período de procriação (de abril a junho) junta-se em casais, ao contrário da prática de formação de alcateias, uma característica comum em outras espécies de lobos. A gestação pode durar até 65 dias e a fêmea pode dar a luz a até cinco filhotes. A partir dos três meses de vida os filhotes aprendem a caçar com os pais. Os machos auxiliam no cuidado com a prole. No Brasil distribui-se pelo Cerrado até regiões de transição com a Caatinga. Pode ser encontrado também na região leste do Pantanal e em campos do sul do País. Ocorre ainda no sudoeste do Peru, norte e leste da Bolívia e no Chaco Paraguaio.

A maioria dos animais silvestres não pode ser criada em cativeiro. O Lobo-Guará pode ser desde que o interessado obtenha autorização do Ibama e respeite determinadas condições de manejo, capazes de garantir a integridade do animal. De maneira geral, as entidades preservacionistas brasileiras defendem a atividade como reforço na luta contra a extinção da espécie. Independentemente da questão ambiental, os criatórios comerciais são vistos atualmente como opção viável para geração de renda em propriedades rurais. Embora ainda não exista no Brasil um mercado estabelecido para sua comercialização, há demanda em potencial pelo Lobo-Guará, devido ao seu porte, perfil, docilidade, beleza e outras características agradáveis. Zoológicos de vários países do mundo têm interesse em comprar exemplares da espécie, visados também por empreendimentos voltados à educação ambiental e ao turismo rural.

Segundo estudiosos, seu nome vem do tupi “agoa´rá”, que significa “pelo de penugem”. Outros, porém, dizem que “guará” é uma onomatopeia – vem do som de seu uivo, conforme interpretação de povos indígenas. Se domesticado desde filhote, é dócil e fácil de criar. Como é um animal rústico, basta para ele um simples abrigo que forneça sombra e proteção contra chuva e noites frias. O recinto deve contar com um piquete de 2.500 metros quadrados, protegido por cerca com tela e dotado de área com vegetação densa e pequena aguada.

* Fontes: Texto de Fábio Morais Hosken em revistagloborural.globo.com e g1.globo.com.

* Foto: Nationalgeographicbrasil.com.

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