CRIAÇÃO DE PORCOS EM 1908

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TEXTO: JORNAL O TRABALHO (1908)

Uma das industrias que a meu ver será de grande importancia para o municipio, é sem duvida a da criação de porcos. Dessa industria, os nossos fazendeiros tem se descuidado, esquecendo-se que o porco é a machina por excellencia para transformar o milho, batatas, mandiocas , etc., em carne, toucinho e graxas que representam a base principal da alimentação humana. Esse producto que pode ser nosso damol-o aos Estados U. da A. do Norte, pelas importações collossaes da banha e carnes em conservas. Por que não se cuida com vantagens d’essa industria pecuaria de tanta importancia local, quando há tantos pontos do paiz para onde exportal-a? Será desconhecida a utilidade do porco, ou não havera homens capazes de cuidar, de tão magno problema?

Nada disto; é muito conhecida a importancia do porco e temos muitos fazendeiros capazes de tractar dessa criação, falta-nos o espirito de associação.

Bons resultados deixa a criação de porcos, porem, esse modo rotineiro dos nossos lavradores criarem, não dá resultado por fazel-o a lei da natureza. Não se estabelecendo as pastagens necessarias e os chiqueiros para cada porca, no acto de parir ella vae para o matto longe das vistas do criador, correndo o risco os leitões de servirem de pasto aos outros animaes.

Sem cuidados, o exito economico é negativo, porque as crias perecem 50 a 80% e os resultados tem sido desastrosos, que com a da degeneração produzida pela mestiçagem continua de consanguíneos e pela probresa physiologica das crias mal alimentadas, uma vez que os mais debeis são victimas dos mais fortes, que não deixam amamentar e os molestam de continuo. A esse systhema impirico, mais que outras causas, se deve attribuir a carencia da industria em nosso municipio.

Crêm muitos que o methodo mais proveitoso e economico de criar animaes, é aquelle de que não se originem gastos; suppõem que é mais economico a criação com toda a liberdade e deixada a mercê de Deus; não cuidam das plantações de milho, bananeiras, mandiocas, inhames e outras plantas capazes de engordar os suinos.

Essas plantas cultivadas cuidadosamente em pequenas superficies de terra alimentam melhor as crias e aos cevados, tractados com intelligencia. Pensam os nossos fazendeiros que, o gastar com chiqueiros, cobertas e curraes para os animaes, fazer bom ordenado a homens intelligentes capazes de bem dirigir um estabelecimento pecuario, é desnecessario e não reconhecem que a porca parindo em liberdade, perde as tres quartas partes das crias; e que com os cuidados zootechnicos e atenções devidas se salvam e compensam com accressimo os gastos feitos.

O Lavrador.

* Fonte: Texto publicado com o título “Criação de Porcos” na edição de 09 de fevereiro de 1908 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Trecho do primeiro parágrafo do texto original.

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