A década de 1950 foi muito rica, de uma criatividade invejável. Não sabemos o porquê. Aqui em Patos, então, nem se fala!
Esta história, por exemplo, ocorreu naquela época. E ficou nos anais da Capelinha do Chumbo.
Foi programado, na eleição para Prefeito e Vereadores, um comício no centro daquele lugarejo.
Montaram o palanque, que era um velho caminhão, com alguns apetrechos em volta. Som mesmo, não havia, parece que não existia na época.
A UDN despontava como um partido de intelectuais. E a grande representante daquela região e candidata a vereadora era a já famosa Elvira Porto.
A família Porto, não sabemos por que, ficou dividida: uma parte com a UDN e a outra com o PSD.
Iniciou-se uma fofoca, no lugarejo, de que não iria acontecer o tal comício da UDN naquele dia. Que precisava existir “homem” para aquele fato se realizar.
E para quem não conheceu Capelinha do Chumbo, fica o esclarecimento: era, de fato, um local onde acontecia crime quase que diariamente. Então, não seria surpresa mais um ou dois crimezinhos naquele dia. Credo!
Dona Elvira Porto ficou sabendo da conversa. E, como nós conhecemos a dama, podemos afirmar que ela virou um bicho.
Alguns familiares eram contra o comício, por causa do clima de tensão que reinava na localidade. Medo de algum tiroteio e, até mesmo, de a Elvira ser atingida por algum maluco.
Mesmo assim, lá pelas 16 horas, é dado início ao histórico comício. E sabe quem inicia o falatório? Ela, Elvira Porto.
E depois de deitar e rolar, falando mal dos pessedistas, num momento de grande entusiasmo, arranca os botões da blusa, ficando apenas de sutiã (daqueles de armação total e muita borracha). E diz aos berros:
– Se existe algum homem aqui, capaz de matar uma udenista, atire!
Até nós da UDN, que estávamos lá, saímos de fininho…
* Publicado em “Patos de Minas – Histórias que até parecem estórias…”, de Donaldo Amaro Teixeira e Manoel Mendes do Nascimento (1993). Ilustração de Ercília Fagundes Moura.