TYBABAS E A MULHER DA JANELA

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A1Algum tempo atrás este nosso amigo de muitos anos e de apelido não muito comum, trabalhava na compensação do Banco do Estado de Minas Gerais, mais conhecido como BEMGE, ali na Rua Major Gote entre Rua José de Santana e Rua Marechal Floriano¹, bem no coração da cidade. Coincidentemente eu também cheguei a ter o prazer e a honra de trabalhar no BEMGE, mas em outra época, uns 10 anos antes do nosso amigo DJ. Como é de praxe pra quem trabalha na madrugada neste setor aqui em nossa cidade, várias vezes na semana é trabalhar noite a dentro e depois pegar um sanduba ali na conhecida Rua da Fome (talvez assim denominada exatamente por esses trabalhadores da noite que ali vão buscar sua última refeição antes de dormir), a Rua Agenor Maciel. Nosso amigo encarou um DK + 1² já perto do amanhecer e após degluti-lo sem muita parcimônia, foi para sua moradia que era nos fundos da Escola Marcolino de Barros, na mais bela avenida da nossa cidade, a Getúlio Vargas.

Normalmente levantava tarde, já quase na hora do almoço e neste dia não foi diferente, tão logo almoçou foi para a porta fumar seu cigarro andando ali no passeio, como sempre fazia, da porta da escola até a porta da CTBC, deve dar uns 50 metros, e vice-versa. Quantas vezes esta rotina nosso amigo repetiu, centenas e centenas de vezes, só que desta vez ia ser diferente, senão não tínhamos este caso pra contar.

Do outro lado da Avenida Getúlio Vargas, no conjunto de edifícios chamado popularmente de Sanfona, naturalmente que pelo seu formato, limpava as janelas que dava para esta avenida a empregada do morador do terceiro andar, o nosso não menos amigo de toda a família Amorim, o José Ribeiro. Bom, mas fato é que a funcionária doméstica deste nosso dileto amigo passava o pano na vidraça naquele vai-e-vem típico da tarefa, quando o nosso Tybabas viu e achou que ela estava dando um tchauzinho para ele. Meio desconfiado, nosso amigo continuou com sua caminhada ida e volta e começou a olhar para os lados e não via ninguém, e pensava:

– Aquela mulher da janela está dando tchauzinho é pra mim mesmo, só que eu não sei quem é.

E nosso inocente amigo continuou com suas passadas já mais lentas e seu olhar analítico e desconfiado, esmola muita até cego desconfia, pensou ele. Aí resolveu retribuir ao imaginário tchauzinho, bem discretamente, com a mão perto da cintura também começou a retribuir e olhando para os lados, ninguém tava vendo. Abanando a mão para um lado e para o outro, no sentido de dar tchau, mas bem próximo da cintura pra ninguém que é de fora ver. E assim prosseguiu por várias vezes, a cabeça fervendo de curiosidade, de vez em quando ele só se preocupava em caminhar, mas era olhar para o prédio e lá estava a mulher no seu ato, e aí ele pensou:

– Hoje é meu dia, hoje é hoje! Mas quem será esta mulher que tá me dando esta bola toda? Ainda bem que a Sandra não passa por aqui hora destas.

Em tempo: Sandra era a namorada dele, hoje, esposa. Este negócio de esposa tá ficando complicado, então para nós não nos comprometermos, até a edição deste texto ela era a esposa do nosso amigo.

Passa um pouco e a mulher da janela desaparece e nosso herói fica desapontado, mas qual não é sua surpresa, ela aparece em uma outra janela! E os movimentos do braço dela estão agora até mais firmes! E o Tybabas que nem Dom Quixote em seu mundo imaginário, dando tchauzinho pra ela enquanto e mesma limpava a vidraça. Eis que o pano de limpar seca e ela bafeja a janela com o hálito, e dá-lhe a lustrar, e aí o Tybabas vai a loucura.

– Ela mandou um beijo pra mim!

E beija e mão e joga também um beijo pra ela, não se cabendo de excitação. Eis que a nossa heroína abre a janela e começa a limpar por fora. Ah, o mundo caiu! Tybabas queria morrer.

– A mulher limpando a vidraça e eu achando que ela estava dando tchauzinho pra mim. Ainda bem que ninguém viu.

Certo, não temos testemunha ocular do acontecimento, mas o próprio Tybabas nos narrou e não podemos guardar já que nem ele pediu segredo desta pérola. E daí em diante, todas as vezes que nos cruzamos na rua damos aquele mesmo tchauzinho, e com uma cara bem lavada mesmo. Eh, Tybabas, só você mesmo!

* Fonte: Crônicas de Família, Amigos e Agregados (Por Favor: Não me Deixem Rir Sozinho), de M. Debrot.

* Foto: Zehcalote.wordpress.com.

* 1: Um engano da edição, pois o BEMGE ficava entre as Ruas José de Santana e Farnese Maciel.

* 2: O DK + 1 funciona hoje na Rua Olegário Maciel no prédio ao lado do extinto Cine Riviera e Patos Social Clube.

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