ERLIQUIOSE FELINA

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Os gatos, tal como os cachorros, podem ser picados por carrapatos e serem infectados por uma das inúmeras doenças que estes parasitas transportam. Uma dessas doenças é a erliquiose, também conhecida por doença do carrapato em gatos. Embora seja rara nos felinos, existem vários casos relatados por médicos veterinários no Brasil.

É causada por organismos intracelulares conhecidos por Rickettsia, sendo que os agentes mais comuns são Ehrichia risticii e Ehrichia canis. Para além de a doença ser ruim para o animal, é importante salientar que a erliquiose é uma zoonose, ou seja, ela pode ser transmitida aos seres humanos. Os gatos domésticos, tal como os cachorros, podem ser reservatórios de Erlichia sp e eventualmente transmitirem aos seres humanos através de um vetor, como um carrapato ou outro artrópode, que ao picar o animal infectado e posteriormente o ser humano, transmite o micro-organismo.

O carrapato, ao picar o gato, transmite a Ehrlichia sp., um hemoparasita, ou seja, um parasita do sangue. Porém, um estudo feito com gatos portadores deste hemoparasita apenas detectaram possível exposição a carrapatos em 30% dos casos, o que sugere que possa existir um vetor desconhecido que seja o responsável pela transmissão desta doença para os gatos. Alguns especialistas acreditam que a transmissão também pode ser feita através da ingestão de roedores que os gatos caçam.

Os sinais costumam ser inespecíficos, ou seja, são semelhantes aos de diversas doenças e por isso pouco conclusivos. Os sintomas mais comuns são: falta de apetite, perda de peso, febre, mucosas pálidas, vômitos, diarreia, letargia. O médico veterinário, perante a suspeita de doença, faz algumas provas laboratoriais. As alterações laboratoriais mais comuns são: anemia não regenerativa, leucopenia ou leucocitose, neutrofilia, linfocitose, monocitose, trombocitopenia, hiperglobulinemia. Para ter um diagnóstico definitivo, o médico veterinário costuma se auxiliar de uma prova chamada esfregaço sanguíneo, que basicamente permite observar o micro-organismo no sangue com o microscópio. Esta prova nem sempre é conclusiva e por isso o veterinário pode precisar também da prova de PCR. Para além disso, não estranhe se o doutor realizar outras provas como o Raio X, que permite ver se existem outros órgãos afetados.

O tratamento depende de cada caso e da sintomatologia. Geralmente são utilizados antibióticos do grupo das tetraciclinas. A duração do tratamento também é variável, sendo por média de 10 a 21 dias. Nos casos mais graves, pode ser necessário internar o animal e fazer terapia de suporte. Presente anemia grave, pode ser necessário uma transfusão sanguínea. Se o problema for detectado a tempo e o tratamento iniciado de imediato, o prognóstico é positivo. Entretanto, gatos com o sistema imunitário comprometido têm um pior prognóstico. O importante é seguir à risca o tratamento e indicações do profissional que está acompanhando o caso.

Embora seja menos comum que os gatos sejam infetados por doenças transmitidas pelo carrapato ou outros artrópodes, isso pode acontecer! Por isso, é essencial que se mantenha o plano de desparasitação sempre atualizado pelo médico veterinário e observar diariamente a pele do animal. Caso seja detectado qualquer sintoma ou alteração comportamental estranha, consulte de imediato o médico veterinário. Ninguém melhor do que o dono conhece o seu felino e se a intuição diz que algo não está certo, não se deve hesitar. Quanto mais cedo um problema for diagnosticado, melhor é o prognóstico!

* Fonte: Texto de Mariana Castanheira publicado em 17/10/2018 em peritoanimal.com.br.

* Foto: Peritoanimal.com.br.

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