DOENÇA INTESTINAL INFLAMATÓRIA FELINA

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A Doença Intestinal Inflamatória Felina (DIIF) é observada, principalmente, em animais de meia idade (cinco a oito anos) e pacientes geriátricos.  Porém, há descrições em um pequeno número de pacientes com idade inferior a dois anos. Esta doença acontece também em gatos tão jovens quanto seis meses, e 23% dos animais afetados apresentaram menos de um ano de idade em alguns estudos. Não existe predisposição racial óbvia, apesar de alguns estudos discutirem uma maior incidência em gatos de raças puras.  Também não há predisposição de sexo para esses casos.

A etiologia da DIIF ainda não foi totalmente elucidada. Sua origem é complexa e não completamente compreendida, mas acredita-se que seja uma resposta apropriada a um estímulo anormal e persistente, devido a uma alteração estrutural do intestino ou causado por agente específico dentro do lúmen, ou uma resposta imunológica exacerbada e prolongada a um estímulo normal. Há um grande número de antígenos aos quais o trato gastrintestinal é exposto diariamente, podendo desencadear reações inflamatórias locais. Dentre as várias causas dessa inflamação podemos incluir parasitas, bactérias, fungos, vírus, protozoários, neoplasias, doenças extra intestinais (como pancreatite, nefropatias, hepatopatias), hipertireoidismo (tireotoxicose), intolerância dietética e alergia alimentar, o que explica a diversidade de sintomas. Qualquer região do trato gastrintestinal, desde o estômago até o intestino grosso, pode ser afetada, e diferentes regiões podem ser afetadas em graus diferentes.

Os sintomas mais comuns da DIIF são diarreia, perda de peso, falta de apetite e, principalmente, vômito. Este parece ser o sintoma mais consistente desta afecção. Frequentemente os gatos não são avaliados até que a sintomatologia se torne frequente e severa. Apesar de alguns pacientes apresentarem início súbito dos sintomas, os quadros de vômitos são normalmente intermitentes, com evolução de semanas, meses ou anos, sendo muitas vezes tratados como distúrbios gástricos (ex: ingestão de pelos) e pancreáticos, quando na verdade a doença primária é intestinal. É importante observar que não há correlação entre vômito e o momento da ingestão de alimento e/ou água. A diarreia ocorre, frequentemente, em fases mais tardias da doença, podendo manifestar-se de forma aguda ou crônica, sendo esta intermitente ou até intratável. O apetite nesses pacientes é bem variável.  Pode não haver nenhum tipo de alteração, porém extremos podem ser observados, como anorexia ou polifagia.  Frequentemente há períodos de inapetência/hiporexia, vômitos e apatia intercalando com períodos de normalidade onde o proprietário pode observar melhora na ingestão do alimento nos dias em que o animal não vomita e está mais ativo. Outros sintomas observados são: flatulência, borborigmos, fezes fétidas, hematêmese (quando houver lesões ulcerativas no estômago e/ou duodeno), halitose, poliúria, polidipsia, mudanças de comportamento (defecação em locais não usuais, ansiedade, excitação, agressividade,), etc.

O diagnóstico da DIIF é auxiliado pelo histórico, exame clínico detalhado e exames laboratoriais, sendo necessário antes descartar todas as patologias que causam diarreia crônica. Todavia, o diagnóstico definitivo é somente confirmado através de histopatologia, obtido por meio de biópsia da mucosa intestinal. O histórico e o exame clínico são úteis para determinar se o vômito e a diarreia são primários do trato gastrointestinal ou secundários a doenças extra intestinais. O histórico pode auxiliar identificando alguns fatores predisponentes, tais como a dieta, fatores ambientais, exposição a parasitas, agentes infecciosos, drogas, toxinas, etc. Ele deve conter informações importantes como o tempo de duração dos sinais clínicos, a dieta do paciente (e possíveis alterações nesta), descrição das características das fezes (cor, volume, presença de muco ou sangue, etc.),  frequência de  defecação,  frequência  dos vômitos (e se estes estão ou não relacionados à ingestão de alimentos), perda de peso, situação da vermifugação e vacinação, etc.  O tratamento  da  DIIF  inclui  o  controle  dietético,  a  suplementação  com fibras  e  a administração  de  drogas  anti-inflamatórias  e  imunossupressoras, sendo de orientação exclusiva de um Médico Veterinário.

O prognóstico é bastante variável. Em geral, há uma boa resposta às terapias instituídas, com controle da enfermidade em 80% dos casos. Após completar a terapia medicamentosa, a maioria dos pacientes mantém uma total remissão sintomática sob manejo exclusivamente dietético. Animais com síndrome hipereosinofílica apresentam uma perspectiva bastante ruim, muitas vezes não apresentando nenhuma resposta à terapia instituída.

* Fonte: Doença Intestinal Inflamatória Felina, de Bernardo Mourão Octaviani Bernis. Trabalho monográfico do curso de pós-graduação “Lato Sensu” em Clínica Médica em Pequenos Animais apresentado à UCB (outubro/2006) como requisito parcial para a obtenção de título de Especialista em Clínica Médica em Pequenos Animais.

* Foto: Slideshare.net.

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