LEUCEMIA VIRAL FELINA

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A Leucemia Viral Felina (FelV) está entre as mais comuns doenças infecciosas felinas. Estudos demonstram que o vírus está presente nos gatos domésticos mundialmente, com variação da prevalência da infecção de acordo com as diferentes regiões geográficas. O vírus causa uma variedade de desordens tumorais. Geralmente os gatos são infectados a partir do íntimo contato com portadores e no compartilhar de comedouros e bebedouros, quando se higienizam mutuamente e utilizam camas em comum. A incidência é maior nos animais com um a cinco anos de idade.

A contaminação do animal depende de fatores como hospedeiro, tipo do vírus, duração do contato, presença de outras doenças, condições ambientais bem como o estado imunológico no momento do contágio. A forma mais comum de contaminação é através da boca e narinas. Após dois a doze dias há distribuição do vírus pelo organismo (baço, medula óssea, trato gastrointestinal e linfonodos). O estágio crítico ocorre duas a seis semanas depois. É quando o animal excreta o vírus na salina, urina e fezes. Para se ter a “cura” da infecção, toda célula infectada deve ser identificada e destruída. Se isto acontecer antes da medula óssea ser infectada, há uma chance de que a infecção seja eliminada.

A Leucemia Viral Felina está associada com doenças neoplásicas e não neoplásicas. Aproximadamente 80% dos gatos persistentemente infectados morrem de doenças não neoplásicas. Os sinais clínicos são relacionados às infecções secundárias ou aos efeitos específicos do vírus. Desta forma, os sinais variam bastante, dependendo do tipo de doença e órgãos acometidos. Geralmente há falta de apetite, perda de peso e depressão. Como a doença diminui a resistência do animal, infecções secundárias são freqüentes, tais como estomatites, dermatites, abscessos, enterites, otites, poliartrite neutrofílica, glomerulonefrite, claudicação, fraqueza dos membros torácicos ou pélvicos e doença glomerular com síndrome nefrótica progressiva.

Os distúrbios neurológicos são ataxia, paralisia dos membros pélvicos ou tetraparalisia, que pode ou não estar relacionada ao desenvolvimento de linfoma no canal medular, mudanças comportamentais, paralisia dos nervos ciliares levando à dilatação pupilar persistente e incontinência urinária. Podem ocorrer ainda aborto, natimortos ou infertilidade. Os gatos infectados no útero que sobrevivem ao parto geralmente desenvolvem mais rapidamente sinais clínicos.

A ocorrência de anemia é comum, causada por doenças inflamatórias ou desordem primária da medula óssea. Uma anemia hemolítica também pode estar presente em razão dos imunocomplexos na circulação ou em decorrência do parasito Mycoplasma haemofelis.

As neoplasias comumente associadas ao vírus são o linfoma, o fibrossarcoma e as doenças mieloproliferativas. O linfoma é a doença neoplásica mais frequentemente observada. Os sinais clínicos observados são dispnéia, tosse, regurgitação, cianose, diminuição dos sons respiratórios e efusão pleural.

A identificação e separação dos gatos infectados é considerado o método mais eficiente para prevenção. Os gatos recém-adotados devem ser testados para o FelV, independente da idade e mesmo que seja o único gato da residência. Como os testes detectam o antígeno, não sendo afetados pelos anticorpos maternos, os filhotes devem ser imediatamente testados na primeira avaliação do Médico Veterinário. O resultado positivo influi na saúde do animal e a forte ligação emocional que se forma entre o proprietário e o gato justifica o conhecimento do estado de FelV devido às ramificações futuras. Todos os gatos com recente exposição a um gato infectado pelo FelV ou por um gato de origem desconhecida devem ser testados. Nestes casos, frente a um resultado negativo, o animal deve ser retestado após um mínimo de 30 dias. Os gatos que forem ser vacinados devem ser submetidos antes ao teste. E, mesmo os gatos vacinados devem ser testados anualmente, já que as vacinas não dão proteção completa. Os gatos devem ser testados sempre que estiverem doentes, pois este vírus causa uma grande variedade de doenças.

Gatos com discordância nos resultados devem ser considerados fontes em potencial de infecção para outros gatos. O teste deve ser realizado por laboratórios bem equipados e bem treinados, já que pequenas alterações na manipulação da amostra podem levar a resultados falso-positivos ou falso-negativos. A confirmação de um resultado positivo é crucial, especialmente em gatos assintomáticos, sendo que os cuidados com este não devem ser baseados apenas em um único teste.

Os gatos infectados devem ser mantidos no interior de suas residências para não transmitir o vírus a outros gatos bem como diminuir a probabilidade de adquirir infecções secundárias. Uma dieta completa e balanceada para felinos deve ser feita. Carne crua e laticínios devem ser evitados, em virtude do maior risco de infecções bacterianas e parasitárias. Um programa de controle de parasitas deve ser realizado. Vacinas essenciais (contra Raiva, Panleucopenia, Calicivirose e Rinotraqueíte) devem ser administradas. Uma avaliação geral do felino infectado pelo FelV deve ser realizada semestralmente pelo Médico Veterinário. O peso do animal deve sempre ser mensurado porque a perda de peso geralmente é a primeira manifestação clínica da infecção.

Como a Leucemia Viral Felina pode ser transmitida de forma vertical aos fetos ou através do leite para os gatinhos, as gatas infectadas não devem reproduzir-se ou devem ser esterilizadas, caso haja condições para a cirurgia. A esterilização é indicada também aos machos visando a diminuição do comportamento de territorialismo. Se um gato da residência for identificado como positivo, este deve ser mantido em um quarto separado dos demais gatos da casa para prevenir a transmissão. Se o proprietário não quiser manter os gatos em ambientes separados na residência, os gatos não infectados devem ser vacinados. Somente após dois meses do primeiro esquema de vacinação contra FelV os animais poderão compartilhar o mesmo ambiente. Entretanto, a vacina não garante 100% de proteção.

O tratamento de suporte dos gatos infectados visa conter as infecções secundárias, como também, a desidratação, a anemia e a desnutrição. O tratamento específico inclui uma série de terapias que deve ser acompanhada por um Médico Veterinário.

A primeira vacina anti-FelV foi credenciada em 1985. Desde então, a vacina original sofreu modificações, e vários outros produtos surgiram no mercado. Atualmente, as vacinas disponíveis são inativadas. Entretanto, existe considerável controvérsia acerca destas vacinas. Estudos indicam que nenhuma marca comercial possui habilidade para induzir uma resposta suficiente para resistir a uma viremia persistente. Resultados de muitos estudos indicam que a vacina induz imunidade que persiste por menos de 12 meses após a vacinação. Como a proteção suficiente não é induzida por todas as vacinas, a vacinação contra FelV não diminui a importância dos testes para identificar e isolar os gatos virêmicos. Antes da vacinação contra FelV, o gato deve ser testado para a infecção e sempre que existir a possibilidade da exposição ao vírus. Entretanto, a vacinação tem sido recomendada para todos os gatos filhote s(com menos de quatro meses de idade) pois o estilo de vida destes frequentement emuda após a aquisição, podendo tornar-se expostos ao vírus. Além disso, os filhotes têm maior probabilidade de desenvolver a forma progressiva da infecção se forem infectados.

O protocolo vacinal consiste numa primeira dose no gato com idade superior a oito semanas, seguida por uma segunda dose administrada em um intervalo de três a quatro semanas. O reforço anual é indicado enquanto o risco de exposição ao vírus permanecer. O local de aplicação da vacina recomendado é na face lateral do membro pélvico esquerdo.

* Fonte: Leucemia Viral Felina – Revisão de Literatura, de Adriane Pimenta da Costa-Val e Lilian Sayuri Tatibana, publicado na revista V&Z EM MINAS do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, edição de julho/agosto/setembro de 2009.

* Foto 1: Catsittercamis.blogspot.

* Foto 2: Scielo.br.

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