DESÂNIMO EM 1911

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TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1911)

Quando a cidade do Araxá, segundo consta, aformosea-se, illumina á electricidade suas recem-reconstruidas avenidas, abastece-se do precioso liquido indispensavel à hygiene publica, e projecta próxima inauguração de seu Grupo Escolar; Quando Patrocinio, nossa irmã que ali detraz do môrro assenta seus alicerces, hospeda os engenheiros pela Câmara contractados para o levantamento de plantas e confecção de orçamentos para identicos melhoramentos; Quando Paracatu, orgulhosa de suas tradições historicas, abre as portas de seu Grupo que ha de perpetrar no futuro o passado brilhante que elevou-a por nome de que até hoje gosa entre as Cidades Mineiras; Quando Carmo do Paranahyba, a nossa hoje pupilla, sob o induxo de seus filhos, inicia melhoramentos sensiveis e que lhe imprimem um tom de rejuvenescimento; Nòs, os eternos proscriptos da sorte, os esquecidos filhos sem mãe, orphãos cujas lagrimas se embebem nas areias do esquecimento, e cujas supplicas se perdem na amplidão do descaso; Nós, os patenses, nada podemos fazer que atteste a nossos filhos e que signifique a nossos posteros o patriotismo da geração presente, em pról deste pequeno torrão Mineiro, que nos serviu de berço, onde tanteamos os primeiros passos, balbuciamos a primeira prece e amamos a primeira vez!…

Como dòe e faz soffer a verdade de nosso indifferentismo!… Como não me treme entre dedos a penna ao traçar as presentes linhas – libello accusatorio da geração que passa perante a geração que vem!…

E nossos filhos, aquelles que hão de estudar o passado desta terra, que è o presente de agòra, nossos filhos para nós sò terão nos labios uma palavra de incriminação, uma queixa de amargura!

E porque não?

Que melhoramentos encontrarão elles que possão móvel-os a bemdizer seus antepassados? Nenhum!…

Tudo em Patos, que pouco é, sob a fatal lei da decomposição, segue passos agigantados, a marcha forçada que conduz ao anniquilamento. Água… não temos. Luz… para que luz onde é bom imperem as trevas; Instrucção… idem; Cadêa, Grupo Escolar, Pontes, Estradas, Paço Municipal, Fazenda Modelo, etc., etc…. nada.

E para que tanta cousa?

E no entanto, nossas irmãs, as Cidades visinhas conseguem-no!… Quererà isto dizer que à testa de nossa administração não haja homens capazes de conseguil-o?

Não!… Quer dizer, porem, que não temos patriotas, não temos filhos dedicados!…

Temos, é preciso que minha phrase saia do bico de minha penna, “clara como o sol e dura como a verdade”; temos à testa de nossa Administração homens capazes de fazel-o.

Entre todos resalta o nome illustre do presidente de nossa Municipalidade – o Dr. Olegario Maciel.

Este sò não fal-o-á si não quizer, porque em suas mãos está assim proceder.

A inteireza de seu caracter, á justiça de seus actos administrativos e á sua esclarecida orientação só elogios tenho ouvido de meus maiores; a meus olhos desejo transmittir estes louvores, mas é preciso que o presente justifique o seu passado.

* Fonte: Texto publicado sem título na coluna Usos e Abusos da edição de 30 de abril de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Início do texto original.

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