SOBRE O TEATRO EM 1911

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A1TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1911)

Até bem pouco não tinhamos ainda theatro. E essa falta, que cada vez se accentuava mais, fazia ver aos nossos conterraneos a procedente necessidade de se construir um, onde, favoravelmente, pudessemos matar o tempo, embora, não se repetissem à miúde os espetáculos. Si, até então, tivéssemos algum cinema, para preencher esse logar, muito bem! Mas, essa diversão não nos apparecia quasi nunca, a não ser de seis em seis mezes, quando as emprezas, necessitadas de arame, resolviam a nos obsequiar com suas visitas. Nessas occasiões, porém, digamos com franqueza, as fitas exebidas não eram muito variadas, acontecendo mesmo, serem repetidas com frequencia, particularmente, si os empresarios, certos do bom lucro procuravam demorar mais do que deviam…

Um dos nossos conterraneos, comprehendendo então, talvez mais que todos nòz, a utilidade de se construir, em nossa cidade, uma d’essas cazas de diversão, levantou á sua própria custa o actual theatro, que depois de terminado, recebeu o seu nome – Arthur Thomaz, em homenagem aos esforços não pequenos, que para concluil-o empregou.

Com razão, pois, já se alegrava a sociedade patense, certa como estava, de poder, de quando em quando, distrahir-se, agora que um dos seus mais ardentes desejos, era plenamente satisfeito.

Pelo menos, os nossos amadores, amorosos, como pareciam, á arte dramatica, vinham assim corroborar esse ideal, dando-nos, desde os primeiros dramas, a evidente certeza de continuarem em seus postos, visto a propensão natural impellil-os para o palco, onde, honra lhes seja feita, sahiram-se sempre bem em seus papeis.

Comtudo, bem depressa passaram-se os bons tempos, esfriou-se o animo dos rapazes, e o theatro, em vez da musica alegre, ruidosa, tocando á sua porta, entre o vai-vem dos espectadores, passou a revestir-se de um aspecto triste de caza desdeixada.

A’ altas horas da noite, não mais se ouve alli, como outr’ora, os aplausos da platéa satisfeita; mas, o continuo tilintar das fixas que se encontram em todas as direcções, e o gyrar incessante da roleta, por entre o vozear dos circunstantes…

* 1: O Cel. Arthuz Thomaz de Magalhães gostava demais das artes cênicas. Mesmo o seu teatro tendo fracassado, não desistiu, partindo para o cinema. Assim, em 10 de maio de 1913 inaugurou o Cine Magalhães, na esquina da Rua Olegário Maciel com Avenida Getúlio Vargas, onde hoje é o prédio da Rádio Clube de Patos. Leia mais em “Cine Magalhães”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Factos e coisas…”, e assinado por Abdul-Hamid, na edição de 02 de julho de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Spei.br.

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