ÁGUA, PONTE E CADEIA: NECESSIDADES EM 1911

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2TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1911)

Não é sem razão que temos dito que a nossa Cidade está completamente abandonada, parecendo até que seu nome já foi riscado do mapa do glorioso Estado de Minas.

A nossa voz, embóra fraca, tem se levantado sempre em pról do engrandecimento d’este pedaço querido de nossa Patria, sem até hoje ter conseguido nenhum melhoramento; mas, fieis ao nosso programma, e confiantes em Deus, esperamos erguel-a sempre, emquanto não obtivermos o que almejamos, emquanto não vermos Patos collocada na vanguarda das cidades adeantadas.

Já temos clamado e reclamado sobre a necessidade da canalisação d’água potavel¹, e… nada de providências; ainda este anno havemos de nos conformar com o antigo estado de coisas.

Já nos batemos pela reconstrucção da ponte sobre o Paranahyba², e nenhuma, absolutamente nenhuma providencia foi tomada para reconstrul-a em breve.

Entretanto a maior parte dos habitantes de além rio têm se privado de vir à cidade, receiosos de algum desastre ao passarem sobre o giráu a que ironicamente ainda estamos dando o nome de ponte.

Já falamos, muitas vezes, sobre o lastimavel estado em que se acha a Cadêa local³; ao terminarem os trabalhos da 2.ª sessão do Jury, d’este anno, os jurados e mais pessôas do fôro dirigiram, no mesmo sentido, uma representação ao honrado Presidente do Estado, entretanto, até hoje, não nos consta que tenha sido tomada alguma providencia, no sentido de ao menos melhorarem a condição tristissima de tantos infelizes que alli expiam as suas desditas.

O tempo chuvoso se approxima, e então teremos occasião de assistir contristados o martyrio lento d’aquelles desgraçados sem abrigo, sem ao menos um logar enxuto para repoisarem a cabeça.

Oxalá que escapem ao desmoronamento do predio que, como está à vista de todos, ameaça ruinas!

Que os nossos governantes se compadeçam de nós! Que oiçam as vozes que se levantam para pedir-lhes providencias tão urgentes e necessarias!

Não ha tempo a perder.

* 1: Água potável canalizada só chegou quatro anos após a reclamação do jornal, inaugurada em 19 de julho de 1915. Leia  “Água – Do Rego à Torneira”.

* 2: Leia “Antigas Três Pontes do Rio Paranaíba”.

* 3: Pouco menos de três meses após a reclamação do jornal, saiu um edital do Estado para a construção da nova cadeia. Leia “Nota Sobre a Construção da Cadeia Pública” e “Cadeias”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Melhoramentos” na edição de 27 de agosto de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Ycon.com.br.

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