TEXTO: FERNANDO KITZINGER DANNEMANN (1956)
De algum tempo para cá vêm se sucedendo, num ritmo crescente e assustador, os assaltos contra casas comerciais e residências particulares, trazendo, como é natural, uma situação de inquietude e insegurança para os moradores locais. Sabe-se perfeitamente que o organismo policial em Patos de Minas é deficiente, e que suas possibilidades não se estendem ao ponto de manter eficazmente um programa de prevenção, capaz de fazer cessar ou pelo menos diminuir essa onda de incursões contra propriedades particulares. Êsse mal, aliás, não se restringe apenas à cidade, pois de diversas outras cidades interioranas nos chegam notícias de assaltos e mais assaltos, comprobatórios da ineficiência do organismo policial, em todo o interior do estado, nêsse terreno.
Protegidos pela escuridão noturna e pela ausência de qualquer vigilância policial, altas horas da noite, os larápios investem livremente contra residências e casas comerciais, causando prejuízos geralmente elevados às suas vítimas. Eles já não se contentam mais em furtar objetos de fácil transporte, voltando suas vistas para as máquinas de costura, rádios, peças de casemira. São larápios organizados, dispondo de veículos onde transportam o produto de seus assaltos. Talvez sejam mesmo pessôas com as quais cruzamos diáriamente pelas ruas, e das quais nem suspeitamos. Enfim, são assaltantes clássicos, precisos, pois não deixam pistas nem indícios, motivo pelo qual torna-se a polícia impotente para contê-los, nem lhes descobrindo a identidade nem reavendo os objetos furtados.
Enuncia a física, num de seus princípios, que a tôda uma ação corresponde uma reação igual e contrária. É justamente disso que necessitamos agora, de uma reação enérgica da polícia local, visando coibir êsses assaltos, pôr termo a essa situação de insegurança, de falta de proteção, refletida no índice elevado de assaltos verificados nos últimos mêses. Diante dêles, perde sua propriedade a conceituação contundente de José Américo, político paraibano, indicando que no Brasil quando não estão dormindo estão roubando, pois, podemos acrescentar, o que nos dá certa vantagem sôbre a opinião daquêle homem público do nordeste, que nesta cidade, dormindo ou acordado estão roubando.
* Fonte: Texto publicado na edição de 26 de fevereiro de 1956 do jornal Tribuna de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Tracosetrocos.wordpress.com, meramente ilustrativa.