TEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1910)
De ha muito, que as nossas auctoridades locaes, cogitando no bem estar social e attendendo à falta evidente de policiamento, dirigem, sem cessar, ao governo do Estado, pedidos, que em sua totalidade são deixados de parte, talvez por exigentes e por conterem sempre a mesma cousa. E’ verdade, que algumas vezes o Dr. Chefe de Policia leva a sua bondade a ponto de ouvir as reclamações, como tambem è certo, conservar-se quieto, ordinariamente, o que nos suppõe crêr no pessimo serviço do Correio, em continuos extravios de correspondencias. Porèm, seja como fôr, baseados no correctismo do governo em melhorar os seus municipios, esperamos a sua bôa vontade em augmentar o nosso destacamento policial, que, de modo algum, è sufficiente para o guarnecimento d’esta cidade.
Segundo nos informaram, è disposição assente do governo não fornecer aos municipios sertanejos mais do que quatro praças à cada um.
Si é exacto, não sabemos. Acreditamos, porém, que assim não deve ser, porque quatro praças policiaes è o numero que requer a nossa cidade para a sua guarda permanente. Então não se fazem capturas de criminosos nos destrictos de Sant’Ana, Lagôa, Arêado e Santa Rita? Para effectuar prisões fóra da cidade, precisamos um minimo de quatro soldados, com quatro de guarda á cidade, temos um total de 8 soldados, que apezar de não ser sufficiente, era bem melhor do que a nossa actual guarnição. O Dr. Chefe de policia verá, pois, que o nosso destacamento é de tres soldados, numero, não dizemos nullo, porém, mais que deficiente para tão vasto municipio. Temos certeza de que não appellamos para o deserto, mas sim para o governo Estadoal, convencidos da sua benevolencia em nos ouvir.
* Fonte: Texto assinado por Abdul-Haxid e publicado com o título “A Nossa Policia” na edição de 18 de dezembro de 1910 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.
* Foto: Galeria.colorir.com.
