O início da década de 1940 no município de Patos sem ainda o “de Minas” se caracterizou pela alta produtividade de feijão, considerado na época o carro-chefe da economia local. A edição de 17 de agosto de 1941 do jornal Folha de Patos destacou essa realidade num artigo com o título “A grande safra de feijão do Município de Patos”:
Patos e seu município, há anos, têm como fonte principal de riqueza a sua lavoura de feijão. De Catiara, partem anualmente milhares de sacos do mais brasileiro de todos os cereais. A safra de 1941, porém, foi maior que as anteriores, e o excelente preço alcançado pela mercadoria drenou para os nossos lavouristas numerário suficiente para estimulá-los a mais trabalho e recuperar o tempo perdido em outras colheitas menos frutíferas.
A animação nas ruas da cidade, e o movimento nas estradas mostram o grau elevado da produção, e, nada mais ilustrativo que a necessidade sentida pelos exportadores de se socorrerem de outras estações de embarque além da de Catiara. O acúmulo de mercadorias naquele péssimo barracão da R.M.V. fez com que se desviasse para Patrocínio apreciável quantidade da safra, maximé entre a colheita nas ubérrimas terras do distrito de Guimarães¹. Grande parte da produção do distrito da cidade, nos pontos que mais se aproximam dos campos ondulados e tão belos que circundam a garrida cidade vizinha, também foi canalizada para os mercados consumidores do país pela mesma via. Já se cogita de transportar o feijão produzido nestas encostas férteis pela rodovia de Patos-Belo Horizonte. A R.M.V. precisa melhor se aparelhar, dotando as suas estações de comodidades mais amplas, para assim evitar o comércio de trânsito que tanto lhe pode prejudicar.
Um dos maiores entusiastas da cultura de feijão no município era o agrônomo Erasmo Dias Maciel. Tão entusiasta que, na mesma edição do jornal Folha de Patos, sugeriu a criação de uma exposição anual do cereal com premiação aos maiores produtores num artigo com o título “Exposição anual de feijão”:
O feijão é uma das bases da economia do município, e é, também, a lavoura principal e mais abençoada, porque é feita por todos os roceiros.
Enfim, é um produto que traz dinheiro a todo mundo. Sempre depois da colheita, vê-se nota de 500$ com todos os homens da roça. E, como se sabe, a população rural é a maior e a mais produtora e a que sustenta o comércio da cidade.
Para poder, entretanto, incentivar a cultura e melhoria do feijão, os poderes públicos e particulares deviam organizar uma exposição anual dêste abençoado produto agrícola, logo após a colheita, instituindo prêmios em máquinas agrárias, 10 pelo menos, etc. a quem apresentar o melhor produto em qualidade e em quantidade de produção por hectare. E o feijão, portanto, poderá ser classificado em tipos, pela forma, pelo tamanho, aparência, côr, etc. e ensacado e marcado para exportação com as palavras PATOS-MINAS.
A Prefeitura, todavia, como o principal poder do município, devia mandar organizar a EXPOSIÇÃO ANUAL DO FEIJÃO com a colaboração dos altos poderes públicos e particulares, como o comércio, etc.
Aqui fica, porém, esta sugestão para a organização desta exposição, que se pensa ser muito útil à economia do município.
* 1: Pelo decreto-lei estadual nº 148, de 17/12/1938, é criado o distrito de Guimarães e anexado ao município de Patos sem ainda o “de Minas”. O decreto n.º 1.058, de 31/12/1943, muda o nome de Guimarães para Guimarânia. A lei estadual nº 2764, de 30/12/1962, desmembra do município de Patos de Minas o distrito de Guimarânia, elevando-o à categoria de município.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Hortas.info.